sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Imprensa e Poder

Talvez esteja para terminar a Novela Sarney, não sei, parece, com a descoberta, OH!, de que todos são assim e faz tempo, que os atos secretos vêm de um passado longínquo, quando o próprio foi Pres. do Senado (1995-1997) seguido por ACM (1997-não lembro), e ambos eram considerados políticos sensatos, que davam suporte a privatizações, coisas assim modernas. Agora mude o canal, acho que o programa terminou. Vamos nos voltar a uma outra novela, o episódio Dilma-Lina, a CPI da Petrobrás, sei lá.

Nada contra, também gostaria de saber porque a Lina foi demitida. Gostaria. Muito. Vocês não sabem como. Mas há outras questões tão ou mais importantes. De fato, Lina, embora importante, é menor diante dos atuais desafios do país.

E assim segue a novelização da política, capítulos sucessivos de ataques concatenados, denúncias selecionadas, a manipulação, manadas de bits, links, ondas, a espetacularização, a hipocrisia. O detalhe, o acessório, o escandaloso, em detrimento do todo, do fundamental. A credibilidade, assim, numa nação mais consciente de seus interesses, se esvai.

Ao menos as famílias que controlam os grandes meios de comunicação têm hoje dificuldades para pautar o país. É um alívio ver isso. Isso decorre do aprofundamento da democracia, da figura de Lula, um mito, mas também de nossa autonomia energética, alimentar, financeira, certo desejo de afirmação cultural, quem sabe civilizacional. Tais pequenos grupos se julgam no direito de interpretar nossa realidade. É curiosa e exagerada a autoridade moral que eles se propõem a representar. No entanto, hoje, vejam só que dureza, estão meio desorientados, escravos de pequenos jogos, perderam a direção. É difícil fazer algo melhor, a audiência, o mercado, a publicidade, os negócios, tanta coisa, tanta grana. Não têm capacidade nem disposição de analisar estruturas, discuti-las, questioná-las, porque são parte da rede de poder no Brasil. Se estivessem dispostas a destrinchá-lo, se entregariam, hahha, não sobraria nada. Pois são parte do poder, exercem o poder, constróem e alimentam o centro do poder.

E este poder centralizado, hierárquico, concentrador, arrogante, está em xeque. Maravilha de momento que vivemos.

Eu tenho mil motivos para criticar o Lula, seus aliados, seu pragmatismo, a esquizofrenia de seu governo, seu comodismo, sua lábia fácil, etc... etc... e tal. Também tenho vários motivos para elogiá-lo, a moderação, a conversa, o entendimento, a sorte, a inteligência, a habilidade, o pragmatismo, e aprecio bastante as políticas sociais e a política externa. Mas esses são aspectos. Aspectos que não cabem em molduras simplórias. Não dá para julgar assim com tantas certezas, raiva, desprezo. É preciso humildade com a história, sabedoria na leitura da nossa história, é o Brasil procurando um ponto de equilíbrio, conflitos, contradições, dificuldades.

Talvez seja mesmo um certo relativismo, talvez, poxa, um certo generalizado relativismo, que só não se aplica ao processo democrático. À orientação nacional, popular e de esquerda.

Há um horizonte para todos. Mas não me agrada o branco e preto, a oposição grosseira. O Fla-Flu. A manipulação. O engodo. O preconceito. A luta política, não com idéias, mas com hipocrisia e mentiras. A desqualificação de pessoas, quando na verdade vemos disputas de poder entre grupos sociais, construções discursivas, premissas políticas, filosóficas, a herança do estranhamento cultural, herança, a colônia, a escravidão, o mandonismo e a subserviência, de baixo acima de cima abaixo.

A grande imprensa está no fundo do poço. Cada vez menos pessoas dão bola para o que faz, para o que fala. Está sendo fustigada por um processo de amadurecimento, inconstante, inseguro, mas espero inevitável, da sociedade brasileira. Isso me deixa satisfeito. Mas não resolve, tá longe disso.

Um comentário:

  1. De longe fica um pouco mais difícil de acompanhar, mas concordo que a "grande imprensa", leia-se os grandes veículos dominados por oligarcas, vive seus dias de ocaso. Salutar resultado da maior difusão da informacão via net.

    Não tá faltando um blogue na tua lista não? Sei que ando meio relapso ultimamente, mas ainda há coisas boas, pelos menos nos arquivos...

    Abs,
    P.

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