sábado, 12 de dezembro de 2009

Obama Prêmio Nobel

Aqui, a íntegra do discurso do Presidente Obama ao receber o Nobel da Paz. A despeito de não ser totalmente coerente com a história norte-americana (por exemplo, quando fala de democracia, devemos nos lembrar que apoiaram inúmeros golpes e regimes militares durante a história, como o fazem hoje com os regimes da Arábia Saudita, do Paquistão, Egito, etc...) e diante da interrogação representada pela recente decisão de mandar mais 30 mil homens ao Afeganistão (poderíamos acrescentar a enorme base que montarão na Colômbia, num continente de paz desnuclearizado), eu diria que é um belo discurso, com a retórica que sempre acompanha suas intervenções, mas com os pés no chão, um idealista realista, não sei bem, boas intenções bastante pragmáticas. Eu gosto do Obama. Torço para que seja bem sucedido. É um bom homem, na minha opinião. Gosto de suas elaborações argumentativas, de certa lógica que busca o diálogo, temos que dar um chance a ele.

Ele começa o discurso reconhecendo o valor do prêmio e apontando uma possível contradição por ser o líder da superpotência que no momento está envolvida em duas enormes operações militares distantes da América do Norte.

Alguns temas que a leitura do discurso levanta... A guerra sempre fez parte da história. Para fazer a paz, é preciso a guerra? A guerra é inevitável faz parte de nossa própria condição humana? O mal existe? Mas quem o define? Há guerra justa? Há mesmo um direito de intervenção humanitária? Até onde vai a diplomacia e onde deve começar a guerra? Os direitos humanos são uma construção ocidental ou devem valer (ou ser impostos) para todos países e civilizações?

Eu não tenho essas respostas todas, lamento.

O discurso é um texto para ser lido, guardado e daqui a alguns anos confrontado com a história. Algumas décadas?

E lá pelas tantas, eu quase vejo uma defesa do diálogo do Brasil com o Irã que, aliás, é incentivado pelos próprios norte-americanos, segundo parte da imprensa apontou.

"Let me also say this: The promotion of human rights cannot be about exhortation alone. At times, it must be coupled with painstaking diplomacy. I know that engagement with repressive regimes lacks the satisfying purity of indignation. But I also know that sanctions without outreach -- condemnation without discussion -- can carry forward only a crippling status quo. No repressive regime can move down a new path unless it has the choice of an open door.

In light of the Cultural Revolution's horrors, Nixon's meeting with Mao appeared inexcusable -- and yet it surely helped set China on a path where millions of its citizens have been lifted from poverty and connected to open societies. Pope John Paul's engagement with Poland created space not just for the Catholic Church, but for labor leaders like Lech Walesa. Ronald Reagan's efforts on arms control and embrace of perestroika not only improved relations with the Soviet Union, but empowered dissidents throughout Eastern Europe. There's no simple formula here. But we must try as best we can to balance isolation and engagement, pressure and incentives, so that human rights and dignity are advanced over time."


E sobre o desarmamento, tema do post abaixo:

"One urgent example is the effort to prevent the spread of nuclear weapons, and to seek a world without them. In the middle of the last century, nations agreed to be bound by a treaty whose bargain is clear: All will have access to peaceful nuclear power; those without nuclear weapons will forsake them; and those with nuclear weapons will work towards disarmament. I am committed to upholding this treaty. It is a centerpiece of my foreign policy. And I'm working with President Medvedev to reduce America and Russia's nuclear stockpiles."

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