Boa matéria do Economist sobre a redução da pobreza no Brasil, na China e na Índia. Não basta apenas crescer, é óbvio.
E aqui um bom artigo do Krugman no New York Times, Taxing the Speculators, ampliando o coro a favor de uma taxa sobre as transações financeiras. Deixem os bancos ocidentais brincando, bancando lobbies bilionários, surfando na liquidez, distribuindo bônus enquanto lutam contra qualquer forma de regulação. Vai crescendo a pressão política, a crise não está terminada, o crescimento é baixo, o desemprego é alto e permanecem ativos podres nas carteiras dos bancos. Pena que os amigos de Geithner tenham tanta influência sobre ele. E é pena que Obama esteja tão solitário, em conflitos e confusões variadas, pressionado pelo establishment, pelo aparelho de Estado, pela dívida, pelo mundo em desenvolvimento, pela China, pelo Iraque, por mais tropas no Afeganistão, pelas sombras de Bush e de Bin Laden, etc...
Uma palavra rápida também sobre a Federação Brasileira dos Bancos, Febraban. Vi que eles mudaram sua logomarca, segundo consta para tornar mais leve a imagem do sindicato mais poderoso do país. Li declarações do seu Presidente afirmando que os bancos devem se preparar para crescer menos dependentes dos juros do CDI, ou seja, de títulos pós-fixados que ocupam um bom espaço em seus balanços. (Pré-fixados também, acrescento).
Concordo plenamente. Há amplo espaço para financiamento do consumo e da produção. Financiamentos à massa incorporada ao mercado, aos necessários novos investimentos, se possível mais de longo prazo, como comentou o Mantega outro dia, com o setor privado atuando junto ao BNDES, ao BB, etc... Financiamento também para o setor habitacional, a imensa demanda reprimida por habitações dignas no Brasil. Alô alô saneamento básico, transporte de massa. Vamos lá Febraban!
O povo aplaudirá nossos banqueiros ao saber que desejam atuar em consonância com as necessidades do país, acreditar no país, confiar, credere. O povo não mais os criticará por viver do rentismo parasitário, da mera intermediação do capital externo, com posterior socialização das perdas, e de conchavos oligopolísticos. Se somarmos as qualidades tecnológicas com a solidez dos bancos nacionais e acrescentarmos um espírito de competição e o compromisso com o desenvolvimento da nação, teremos aí uma Febraban que nem precisará mais de logomarca. Estou brincando, mas é sério. Falo sério, mas estou brincando.
E chegamos então à gloriosa Dubai, um dos sete Emirados dos Emirados Árabes Unidos, que atualmente estão uma verdadeira bagunça das arábias ho ho ho. Agora todo mundo vai dizer: eu sabia, eu sabia, eu sabia. Eu também sabia, pera aí. Quando fui a Doha, cansei-me de comentar que já achava estranho tudo aquilo lá, muito forçado, dinheiro jogado pelo ralo, surreal tantos contrastes no deserto. Tinha até pista de esqui. E aquelas ilhas artificiais, aquela forçação de barra, uma certa grana esvoaçando, o ouro negro se tornando papel pintado e sem valor sob uma aparência de luxo vulgar para consumo instantâneo.
Primeiro a bolha imobiliária estourou e isso já vem lá do início de 2008. Agora o default. E nos perguntamos: há mais desses por aí?
No caso em questão, parece que os brimos de Abu Dhabi vão ajudar no resgate. O Financial Times tava simplesmente exigindo isso em editorial hehe. O HSBC tá entalado até o pescoço em Dubai. Outros bancos europeus também. Que beleza. Aqui um breve comentário no blog do Krugman. O Roubini para variar soando algumas trombetas do Apocalipse. O Economist adota tom mais sensato, aquela coisa sóbria dos ingleses, sem citar que o HSBC tá na brincadeira. Vamos com calma aguardar o seguimento desse negócio. O fato é que a quebra de Dubai é mais um exemplo do delírio financeiro que se exacerbou nessa última década. É um caso menor, periférico quando comparado ao que observamos recentemente em Wall Street, na City, em Frankfurt e Paris, mas enfim, é mais um rolo das arábias ho ho ho. Anyway, we continue to live in interesting times., conforme finalizou o post nosso amigo blogueiro Nobel.
domingo, 29 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário