Deu tilt nas negociações do clima. Em reunião da APEC (Ásia-Pacífico), foi anunciado que a vaca foi pro brejo. Não teremos algo legally binding, mas sim um compromisso político. Parole, parole. Em 2010, quem sabe. Como a Rodada Doha.
Bom, isso já era previsível pelo andar da carruagem. Negociações difíceis, relutância de China e Índia, o pacote do clima enrolado no Congresso dos EUA. O Brasil, com seu recente anúncio de compromissos voluntários, uma matriz energética muito menos poluente e números recentes que apontam queda no desmatamento, está bem na foto. Marina Silva também vem a calhar, força movimentos mais firmes de outros atores. Mas sozinhos, pouco poderemos contribuir. Seria preciso um comprometimento dos outros.
O que mais me chamou a atenção, no entanto, foi o anúncio conjunto de Brasil e França, no qual foi explicitado pelo Presidente Lula, não sei se também pelo Sarkozy, que os países não aceitariam que China e EUA se reunissem sozinhos e tentassem pautar o resto do mundo. Como sabemos, Obama está viajando pela Ásia. Bom, a pá de cal não saiu da dobradinha, pior, foi da Cúpula da APEC, ou seja, envolveu diversos outros países. Mas nenhum europeu. Nenhum africano. Nenhum árabe. O Brasil tava fora. Quantos exportadores de petróleo estavam na jogada?
Vivemos um momento claro de reordenamento da política internacional. Com a crise financeira eclodindo nos centros mais "avançados" do sistema, também se questionam premissas e estruturas da economia política liberal antes hegemônica. Insegurança alimentar, insegurança energética, instabilidade no sistema monetário, a ameaça da mudança climática, jogos de poder, blocos regionais, rivalidades regionais, alianças de geometria variável, enfraquecimento da ONU, laivos protecionistas, o risco de desvalorizações competitivas, conflitos no Oriente Médio, proliferação nuclear. Teremos deflação ou inflação?
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