Hoje retornei à prisão (ver post anterior). Levamos vitaminas, tempero, bola de volei, dois pares de tênis, notícias do corinthians e da seleção, revistas várias, até revista Caras. Mais importante, levamos livros. Estou incentivando-os a escreverem um livro sobre a experiência. É bom. Em 1o lugar, por lembrá-los de que há futuro, de que o dia da liberdade chegará, de que eles podem fazer planos e não só ficar amargurando o dia-dia. Em 2o lugar, porque têm uma história única e devem contá-la. Em 3o lugar, para passar o tempo e refletirem sobre muita coisa, tirarem lições.
Para isso, presenteei-lhes com Estação Carandiru, onde se descreve uma prisão, os personagens, a hierarquia, o dia-dia. Também lhes dei o Feliz Ano Velho, grande livro do Marcelo Rubens Paiva. A história é semelhante a deles: era feliz, curtia a vida, tava de boa, de repente um dia, um belo dia, um momento, um erro, uma cagada, e tudo mudou. No caso do Marcelo, foi um pulo de cabeça num lago que o deixou paraplégico. No caso deles, uma idéia idiota de roubar um celular numa loja. Um segundo... e sua vida mudou. Pois bem, o livro do Marcelo é muito bom. Descreve a dor, as memórias e como fez para superar as dificuldades da nova vida.
Um terceiro livro, Obras-Primas do Conto Universal, é para a alma deles. Pequenas histórias dos maiores mestres da literatura mundial.
Não consegui ser recebido pelo Diretor do Presídio, mas sim por um subordinado que é responsável diretamente pelos dois brasileiros. Fiz discurso, dei livros e DVDs sobre o Brasil. Um texto do Lula "O Futuro dos Seres Humanos é o que Importa", o Plano de Ação Conjunta Brasil-China, livro com poesias do Mario Quintana traduzidas para o chinês, texto em chinês, com CD, de música brasileira.
E uma camisa da seleção, hehehe. A número 9, amarela, de Luis Fabiano, herdeiro de Vává, Amarildo, Tostão, Careca e Ronaldo (e Romário, que jogava com a 11). Os brasileiros têm conseguido assistir aos jogos das 22hs. Hoje, no difícil duelo com a Holanda, será às 22hs, beleza. Mas a final será às 2:30hs. Creio que consegui convencer nosso amigo a lhes permitir ver a final, caso o Brasil se classifique.
Tudo aqui na China tem um certo protocolo. Tiramos fotos, a entrega dos presentes foi até filmada. Fiz discurso sobre a amizade Brasil-China, a importância do futebol no Brasil, como o Presidente gosta de futebol, o bom comportamento dos presos, o fato de que reconhecem o erro, os agradecimentos pelo bom tratamento que a Embaixada e os presos recebem por parte da Direção do presídio, etc... Deitei falação. Pedi também que fossem transferidos para a mesma cela para diminuir a solidão. Por fim, pedi ainda que encaminhassem o mais velho para um dentista, pois ele usa aparelho e faz dois anos que não ajusta nada, e consta que está incomodando bastante.
Quanto ao dentista, pediu pra esperar, pois estariam instalando equipamentos para tanto no presídio. Quanto à transferência para a mesma cela, disseram ser contra a orientação geral, pois a idéia é que se socializem com os outros. Devem entrar nos cursos de línguas. Quanto à seleção, a resposta foi positiva, mas não deram um ok assim definitivo. A ver. De todo modo, valeu.
Abaixo, a cena inicial do filme que fizeram sobre o livro do Marcelo Rubens Paiva. É um filmaço. História de vida. Recomendo.
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