terça-feira, 20 de julho de 2010

Desânimo

Recentemente, após a suposta pressão inflacionária que fazia com que o mercado clamasse por nova elevação dos juros, pressão bem sucedida, ora pois, começaram a sair análises, na maior cara-de-pau, dizendo que as perspectivas de aumento da inflação eram baixas. Os números não mentem, diariamente temos novas indicações de que não há problema inflacionário, está tudo tranqüilo. Mesmo assim, os gênio$ ainda clamam por mais elevações. E possivelmente vão levar, é inacreditável.

Sabe-se bem qual é a desse jogo. Teatrinho mal montado mas eficiente que busca a captura de recursos públicos por uma pequena minoria. Isso se repete faz longos anos sob os olhares de todos. Os candidatos, com medo do mercado financeiro, necessitando arrecadar recursos para as campanhas, apenas insinuam mudanças, ou as dissimulam.

Segundo matéria do Estadão de ontem, entraram desde janeiro US$ 12 bilhões de capital externo apenas na renda fixa. Apenas na renda fixa. Juros. O juro em todo o mundo está próximo de zero. Aqui, os nacionais levam por baixo uns 4% reais, gringos tiram o dobro, sem mencionar eventual valorização do câmbio, para desespero das contas externas, que preocupam cada vez mais. Caso o governo não tivesse colocado o IOF, a farra seria muito maior. Isso bate no orçamento, bate na dívida pública, é um teatro, repito, tenebroso.

Abaixo sugiro a leitura de alguns textos. Por que? Ora, porque se relacionam com essa dura lenga-lenga mercado-Banco Central de diversas maneiras. Ideologia, interesses. A supremacia de determinada forma de pensamento, supostamente técnica, presumivelmente neutra, ancorada no bom senso científico dos modelos e certezas neoclássicas.

Todo nosso modelo político e econômico, meus caros, não nos iludamos, baseia-se em premissas filosóficas. E as premissas que vêm sendo utilizadas no gerenciamento do sistema financeiro nacional, e mundial, em boa medida, atendem a interesses muito particulares dos estratos rentistas dos diferentes países.

Eu tenho preguiça, me cansa escrever sobre isso. Já foram uns duzentos posts. Lula não teve coragem de enfrentar esse jogo. Obama sofreu para aprovar uma reforma meia boca, ainda que positiva. Espero, sinceramente, que Dilma, Serra ou Marina ponham limites na esbórnia. É dinheiro público, uma catástrofe, dá desânimo seguir escrevendo sobre esse assunto, peço até desculpas a meus poucos e fiéis seguidores.

Leiam os textos a seguir de dois digníssimos lorde inglêses, se tiverem interesse. Skidelsky é autor de famosa biografia de Keynes. Turner é o chefe do órgão regulador britânico, o mesmo já citado aqui lá atrás, quando ousar mencionar a possibilidade de taxação dos fluxos internacionais, levando às reações já esperadas da City londrina.

Coisa fina. A crítica à economia política dos barões das finanças globais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário