Bem, voltemos ao tema mais polêmico, um debate histórico no Brasil e atualmente em relevo, por razões óbvias. Câmbio, ora pois. O Governador José Serra outro dia deu declarações sobre possíveis danos a um Brasil especializado na exportação de commodities. Eu concordo inteiramente com ele. Não sei o que o Gov. Aécio e a querida Senadora Marina pensam sobre isso. Também tenho cá minhas dúvidas com relação à Ministra Dilma embora, a princípio, creio que ela acompanharia as observações do Gov. Serra. O IPEA, na última edição da Revista Desafios do Desenvolvimento, faz uma excelente discussão do tema do Brasil como exportador de commodities.
Hoje, na FSP, há matérias sobre o debate. Há inclusive um bate-bola entre a FIESP e o Professor de Deus. No Valor a coisa está num nível mais alto. A matéria do Valor é mais técnica, abrange não só o movimento do câmbio, mas a intensidade das oscilações. A reportagem aborda a tendência mundial de moedas de exportadores de commodities, a conversibilidade, o real moeda forte como consequência do desenvolvimento do país, impactos nas contas do governo, acúmulo de reservas, profundidade do mercado nacional, o carry trade, regulação, política monetária e metas de inflação. Fiquei com a impressão de que a matéria levantou excelentes bolas, uma pena que tenha faltado espaço para desenvolver tantas questões.
Com comentários no Valor, o Nelson Barbosa, Secretário de Política Econômica da Fazenda (SPE), mostra que é mesmo muito bom. O cara tem realmente a manha, conhece tudo, fala bem, sabe a hora de ser duro mas tem a humildade de se posicionar em torno de algo que reconhece como sendo controverso.
Vejam só o final da matéria. Palavras do SPE: "Só tenho uma certeza: seremos bem-sucedidos se acharmos uma solução brasileira, que pode ter inspiração em exemplos de outros países, mas não uma simples transposição de modelo..... há o debate e ele não quer dizer que vamos abandonar o câmbio flutuante... A arte da política não é escolher entre os extremos, mas administrar os trade-offs".
E eu completo: não estamos aqui falando de ciência. Nada é inevitável, nada segue a ordem natural das coisas, não existe ordem natural, mas sim escolhas, custos e benefícios, ganhadores e perdedores. Essa interdição do debate advogada por alguns ortodoxos, por boa parte dos analistas de mercado, é uma enganação. Da mesma forma, estão errados aqueles que vêem no mercado apenas um bando de especuladores malvados.
Economia política, economia e política, política e economia, Estado e Mercado.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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