terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Bolsa Minoria-Branca

Ou "Como ganhar dinheiro fácil sem tirar a bunda do sofá"

Destaque para o comentário dos gênio$ da Tendências. A idéia é sempre a mesma. Não há o que fazer, é um movimento natural, espontâneo dos mercados. Regular o mercado não adianta. É o mercado, viva o mercado.

Previsibilidade faz real virar alvo fácil de especulação
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passado o pior da crise econômica, a taxa de câmbio brasileira voltou a patamares próximos aos anteriores à quebra do Lehman Brothers, e o país se vê, novamente, sem instrumento capaz de ir contra a corrente do capital internacional e de interferir de forma eficiente na trajetória de apreciação do real, segundo analistas.
Na avaliação de especialistas, o Brasil se tornou uma espécie de refém desse rearranjo global e segue de mãos atadas para impedir a redução da competitividade das exportações e promover a recuperação de setores importantes da indústria e do agronegócio afetados pela desaceleração econômica.
A apreciação do real é ditada pelo retorno do apetite por risco, que derruba a cotação internacional do dólar e eleva o preço de ações, metais, alimentos e moedas mundo afora.
A trajetória do real tornou-se tão previsível que permite a investidores estrangeiros ganhar dinheiro com facilidade em suas apostas em favor da moeda. Isso porque, além do retorno que têm aplicando em renda fixa e na Bolsa de Valores, embolsam a valorização do real.
Segundo Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, a maior evidência disso é a alta de 90,34% da Bovespa em dólares, enquanto em reais a variação está ainda em 50%.
"Quando o estrangeiro entra no Brasil, ele traz dólares, converte em reais, e vai comprar Bovespa ou título de renda fixa. Qual seria o procedimento lógico dele? Deveria fazer um hedge [proteção] para anular o risco cambial. Mas ele vai no mercado futuro e aposta ainda mais na queda do dólar. Como ele sabe que, nesse segmento, o BC não tem instrumento para intervir de forma eficaz, joga gasolina na fogueira e trabalha para derrubar mais o dólar."
Na semana passada, o dólar recuou 2,31% e voltou a R$ 1,822, menor valor desde 22 de setembro. O real já subiu 27,1% neste ano, a maior alta no mundo, à frente do dólar australiano (18,4%), do peso chileno (17,4%) e do rand sul-africano (16,6%), segundo a Bloomberg.
O BC mantém inabalada a sua convicção de que a política de câmbio flutuante prescinde de influência maior nas cotações e que as eventuais intervenções visam restabelecer as condições de liquidez de mercado, evitando que movimentos bruscos prejudiquem empresas e investidores.
Para Nathan Blanche, sócio da consultoria Tendências, todas as tentativas de conter o câmbio só tiveram fôlego de curto prazo e levaram o Brasil ao desastre. "Hoje, estão pedindo recursos do governo para desvalorizar o câmbio. Em vez de atacarem o custo no Brasil, que faz com que a vida do empresário brasileiro seja um inferno, eles ficam pedindo esse guarda-chuva cambial furado."
A intervenção do BC no mercado à vista, que no mês passado comprou US$ 2,164 bilhões, pouco influenciou nas cotações. Mesmo a venda de "swap cambial reverso", instrumento que equivale à compra de dólar futuro e cria demanda pela moeda, não eleva as cotações.
"O BC parou com essa estratégia porque não adianta muito. Se faz mais, incentiva mais a apreciação do real porque dá liquidez a essa aposta. Coloca uma certeza que vai comprar. Quem vai determinar quando se deve parar é o próprio especulador, quando vê que as cotações chegaram a um patamar insustentável", disse Nehme.



Na outra ponta, temos no Valor de hoje um artigo do Pastore e da Pinotti (consultores?) na linha do "samba de uma nota só plus". Vão lá na frente e alertam que a política fiscal desregrada levará, bidu, ao aumento dos juros mais para frente. Quanta originalidade. Eles não tiveram tempo de comparar a posição fiscal do Brasil com a dos demais países do G-20, por exemplo. Dá muito trabalho.

Finalmente, na página A8 do Valor, parte debaixo, até que uma reportagem mais equilibrada. Exceção ao 3o parágrafo, quando algum mestre da ciência econômica sopra que críticas muito inflamadas às políticas monetária e cambial poderiam provocar "instabilidade no mercado" (desenho: mercado que vem enchendo as burras de $$ com a atual política), levando a uma alta muito expressiva do dólar e a uma eventual necessidade de subir os juros. Putz, eu me impressiono com raciocínios tão elaborados. Essa gente quer o que? Um iate? Um jatinho particular? O que será que os satisfaz?

Para minha felicidade e da nação, esse tipo de terrorismo não cola mais. Não apenas o quadro fiscal é sólido, como a solvência externa está tranquilíssima, há US$ 210 bilhões em reservas, mais o swap do FED, mais um FMI com linhas flexíveis e amplas, etc... O processo democrático brasileiro irá se realizar, espero eu, sem chantagens, sem terrorismo, sem dar muita bola para os analistas de mercado. Há até alguns que são mais sensatos, mais humildes, que fogem do lugar comum, inclusive o Bradesco e o Itaú andaram soltando análises menos oportunistas, mas a maioria desses caras é muito fraquinha, e pior, totalmente descompromissados com o futuro do país.

O Brasil é uma nação em desenvolvimento, não é um mercado. Esse tempo acabou.

Um comentário:

  1. Toni, sobre o tema cambio gostaria de um post seu sobre os meritos e problemas das alternativas que vem sendo discutidas para segurar a apreciacao do real. Lancar mao de politica tributaria via aumento do IOF? Controle de capitais? Coloque sua colher neste debate....

    Abs
    P.

    ResponderExcluir