Lendo com calma o discurso todo do Pres. da Assembléia-Geral, sou obrigado a dizer que não é tão bom assim. Bem intencionado, mas preso a uma série de amarras. A burocracia da ONU, certa retórica, temas e uma linguagem recorrente.
Melhor ler com calma antes de postar.
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sábado, 19 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Documentos do sistema ONU
A ONU não funciona bem, sabemos disso. Na hora de passar das palavras para a ação, a coisa complica. Há um evidente problema de representatividade e legimitidade do Conselho de Segurança. Que na maior parte das vezes também é ineficiente dado o direito de veto. Mas sem ela, estaríamos muito piores. Portanto, tudo contra a ONU, mas viva a ONU!
Você encontra aqui o relatório anual da UNCTAD, sempre uma respeitável peça analítica.
Aqui temos o último discurso do Padre Miguel D´Escoto como Presidente da Assembléia-Geral da ONU. Eu já disse aqui que simpatizo com ele. É um homem de bem. Suas palavras merecem ser lidas.
Por fim, segue o relatório da Comissão da ONU que investigou os conflitos na Palestina ao final do ano, logo antes das eleições em Israel.
Você encontra aqui o relatório anual da UNCTAD, sempre uma respeitável peça analítica.
Aqui temos o último discurso do Padre Miguel D´Escoto como Presidente da Assembléia-Geral da ONU. Eu já disse aqui que simpatizo com ele. É um homem de bem. Suas palavras merecem ser lidas.
Por fim, segue o relatório da Comissão da ONU que investigou os conflitos na Palestina ao final do ano, logo antes das eleições em Israel.
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domingo, 16 de agosto de 2009
Os EUA e a ONU
Aqui temos a transcrição da Embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Susan Rice, em palestra na New York University nessa semana. Segundo nossa amiga, os EUA têm hoje outra postura, mais proativa, com relação à ONU. Não está errada, os exemplos são vários, resta saber se seguirão nessa direção, ou se logo a realpolitik prevalecerá e tornará tudo seco novamente.
Há um looongo caminho para que os EUA legitimem a liderança que esperam exercer. Por enquanto, foram dados alguns passos positivos, mas navegar é preciso, ainda é cedo. E vejam como as questões prioritárias para eles são mesmo as vinculadas à segurança. O discurso, em todo o caso, aponta para o diálogo, a disposição para o debate e certo reforço da ONU.
Destaco duas coisas:
1) Ela não cita questões econômico-financeiras. Os EUA não consideram a ONU um foro adequado para tratar desses temas. Preferem instituições nas quais tenham certo controle, como o FMI e o Banco Mundial, ou então fóruns mais técnicos como o Conselho de Estabilidade Financeira, o Comitê da Basiléia. O G-20 é uma novidade que vem funcionando e os EUA, jogando em casa, têm maior responsabilidade pelos resultados da próxima Cúpula em Pittsburgh. Vamos ficar de olho aí também.
2) Interessante a questão do trabalho dos EUA em montar novas coalizões na ONU, ou melhor, desmontar a rigidez das atuais coalizões. Possivelmente se refere ao G-77, que na área econômico-financeira, por exemplo, opera coeso, ou a grupos com afinidades geográficas e mecanismos mais consolidados de concertação política em outras áreas do mundo multilateral. Eu até concordo que certa inflexibilidade pode dificultar às vezes o consenso, do ponto de vista dos outros, especialmente dos mais fortes, mas os membros dos grupos sabem que a unidade confere peso às suas deliberações. Os EUA jogam na velha tática de dividir para melhor governar, como não poderia deixar de ser. Os países mais poderosos preferem, na maioria das questões, um tratamento diretamente bilateral ou mais restrito.
Um detalhe é que o Brasil é um dos grandes arquitetos da atual geometria variável da política internacional, participando da formação de grupos específicos para um série de questões. G-20 comercial, G-20 financeiro, IBAS, BRICs, Mercosul, UNASUL, CALC, Cúpula Aspa, Cúpula ASA, Aliança das Civilizações, CPLP, e mais vários outros por aí.
Bom, novidade alguma, muito já se escreveu sobre isso. Apenas iniciando um longo vôo nesse campo, espero desenvolver idéias mais precisas quando tiver mais experiência.
Há um looongo caminho para que os EUA legitimem a liderança que esperam exercer. Por enquanto, foram dados alguns passos positivos, mas navegar é preciso, ainda é cedo. E vejam como as questões prioritárias para eles são mesmo as vinculadas à segurança. O discurso, em todo o caso, aponta para o diálogo, a disposição para o debate e certo reforço da ONU.
Destaco duas coisas:
1) Ela não cita questões econômico-financeiras. Os EUA não consideram a ONU um foro adequado para tratar desses temas. Preferem instituições nas quais tenham certo controle, como o FMI e o Banco Mundial, ou então fóruns mais técnicos como o Conselho de Estabilidade Financeira, o Comitê da Basiléia. O G-20 é uma novidade que vem funcionando e os EUA, jogando em casa, têm maior responsabilidade pelos resultados da próxima Cúpula em Pittsburgh. Vamos ficar de olho aí também.
2) Interessante a questão do trabalho dos EUA em montar novas coalizões na ONU, ou melhor, desmontar a rigidez das atuais coalizões. Possivelmente se refere ao G-77, que na área econômico-financeira, por exemplo, opera coeso, ou a grupos com afinidades geográficas e mecanismos mais consolidados de concertação política em outras áreas do mundo multilateral. Eu até concordo que certa inflexibilidade pode dificultar às vezes o consenso, do ponto de vista dos outros, especialmente dos mais fortes, mas os membros dos grupos sabem que a unidade confere peso às suas deliberações. Os EUA jogam na velha tática de dividir para melhor governar, como não poderia deixar de ser. Os países mais poderosos preferem, na maioria das questões, um tratamento diretamente bilateral ou mais restrito.
Um detalhe é que o Brasil é um dos grandes arquitetos da atual geometria variável da política internacional, participando da formação de grupos específicos para um série de questões. G-20 comercial, G-20 financeiro, IBAS, BRICs, Mercosul, UNASUL, CALC, Cúpula Aspa, Cúpula ASA, Aliança das Civilizações, CPLP, e mais vários outros por aí.
Bom, novidade alguma, muito já se escreveu sobre isso. Apenas iniciando um longo vôo nesse campo, espero desenvolver idéias mais precisas quando tiver mais experiência.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Notícias da Crise

No primeiro post do blog, citei a minuta inicial da Conferência sobre a Crise da ONU, realizada em junho último. Foi meio bombardeada, inclusive com um aceno brasileiro nesse sentido, pois ainda que a filosofia política dela fosse correta, partindo de diagnósticos sensatos e chegando a orientações bem sinalizadas, concretamente, na realidade negociadora dos Estados, era muito ambiciosa, em linguagem mais solta, às vezes retórica, com propostas controversas. Dificilmente algo assim iria para a frente. Os países ricos iam detoná-la e a ONU sairia perdendo. Depois as coisas se ajeitaram e até que terminaram bastante bem. Os trabalhos na ONU prosseguirão e é bom que seja assim, pois essa crise mundial vai longe, como Dani Rodrik argumenta mais abaixo. Um dia, quem sabe, a Assembléia-Geral das Nações Unidas, o G-192, reunirá Chefes de Estado, Chanceleres e Ministros das Finanças em suas dependências. Triste é imaginar que tipo de destruição será necessária para que isso ocorra.
Copiei naquele mesmo post trechos também do discurso de abertura do Padre Miguel D´Escoto, nicaraguense, Presidente da Assembléia-Geral das Nações Unidas, esse simpático amigo da foto acima. É looongo, exagerado, às vezes repetitivo, mas aponta na direção correta, ele sabe que as soluções para os atuais impasses estão muito além do que vem sendo hoje discutido. São muito belas algumas passagens. Vivemos uma crise que se manifesta sob múltiplas formas: financeira, econômica, ambiental, energética, de segurança alimentar, uma crise de governança, uma crise do próprio sistema político mundial. Não há liderança, não há idéias consensuais, as negociações internacionais ficam na superfície, o aperto leva a um cada um por si perigoso. O Padre faz um apelo ao entendimento entre os homens, as nações, a humanidade. Simpatizo com ele, mas sua liderança política não foi suficiente. Infelizmente, ele não falava aos povos, mas a representantes dos Estados.
De qualquer forma, é bom transmitir suas palavras, fico satisfeito em poder fazer isso nesse blog. Também noto que tivemos avanços na política financeira internacional, no discurso e nas práticas, mas ainda limitados, aquém do que é necessário. Vamos trabalhar nisso. Encha o copo meio cheio.
Dani Rodrik escreveu em junho parágrafos que acho que vale a pena transcrever.
"History teaches that global economic order is difficult to establish and maintain in the absence of a dominant economic power. The interwar period, which suffered from a similar crisis of leadership, produced not only a collapse of globalization, but a devastating armed conflict on a global scale.
So the stakes in righting the world economy could not be higher. Mismanage the process, and the consequences could be unimaginable.
Unfortunately, many of the solutions on offer are either too timid or demand too much of a global leadership that is in short supply.
The conundrum of global reform is that the proposals that go far enough, such as establishing a global financial regulator, are wildly unrealistic, while those that are realistic, such as reform of the IMF, fall far short of what is needed.
What we need is a vision of globalization that is fully cognizant of its limits. We can start with a simple principle: We should strive not for maximum openness in trade and finance, but for levels of openness that leave ample room for the pursuit of domestic social and economic objectives in rich and poor countries alike. In effect, the best way to save globalization is to not push it too far."
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