Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cinema Paradiso

Cidadao Kane, Josue de Castro, Cinema Paradiso. Com bolsas de agua quente na perna, em meio a sessoes de fisioterapia e repouso, passei um fim-de-semana cinematografico. Ha males que vem para bem. Estou revendo tambem Il Bidone, Fellini no comeco da carreira.

Com o perdao de Orson Welles, Silvio Tendler, Josue de Castro e Fellini, sobre os quais poderei falar mais e mais um outro dia, certamente com enorme prazer e largos e admirados sorrisos, mas Cinema Paradiso eh uma obra muito marcante. Revi a versao ampliada. Eh um baque. Sem palavras.

http://www.youtube.com/watch?v=nXjjy-EGmb0



 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Barravento

Da obra de nosso amigo gênio da raça

domingo, 9 de outubro de 2011

Era das Utopias

Minissérie em seis capítulos do mestre Silvio Tendler. Reflexão fundamental nesses tempos de crise. Crise das idéias, crise do conceito de progresso, crise das utopias, crise econômica e financeira, crise do multilateralismo, crise ambiental, crise das democracias. Tempos de crise, tempo de reflexão.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dois mestres

Candeia e Leon Hirszman (Cena do filme "Partido Alto")

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Raridade

Pixinguinha, Baden Powell e João da Baiana tocam Lamento (de Pixinguinha e Vinicius de Moraes) no documentário SARAVAH, de 1969, de Pierre Barouh



Presentes de Natal

domingo, 28 de novembro de 2010

Se entrega, Corisco!

Estava lendo aqui sobre o cerco ao Complexo do Alemão. Tropa de elite III? A invasão da Normandia? Canudos? Carandiru?

Nada disso. Curiosamente, lembrei-me de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Não estou querendo comparar uma situação com a outra, de forma alguma. Essa história do cerco, do se entrega ou não se entrega, foi só isso, lembrei-me da cena final do filme de Glauber, especialmente da música.



Perseguição
(Sergio Ricardo e Glauber Rocha)

Se entrega Corisco
Eu não me entrego não
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão

Se entrega Corisco
Eu não me entrego não
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão

Eu me entrego só na morte de parabelo na mão
Se entrega Corisco (se entrega Corisco)
Eu não me entrego não
Eu não me entrego não
Eu não me entrego não

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Breves não bravas sem bravatas brovidênciais

Não é que não esteja com vontade de escrever. É que meu programinha fura-firewall está meio ruim. É preciso paciência e no frio a minha acaba rapidamente. Pois é. Esfriou pacas em Pequim.

Não falta assunto. China-EUA, EUA-China. Desafios macroeconômicos. Rearranjos políticos. Transição Lula-Dilma. Desafios macroeconômicos. Rearranjos políticos. Pretendo escrever sobre o governo Dilma, mas acho melhor esperar a montagem do ministério. A eleição foi fraca em termos de conteúdo. O governo Dilma só terá uma cara assim mais definida com a montagem do ministério. As linhas gerais prosseguem, mas o cenário externo e interno exigirá grande habilidade. Serão escolhas difíceis, testes vários. A artilharia dos de sempre já está apontada para Dilma. Ela terá que vencer sua mais difícil batalha.

Reforma política. Ajustes macroeconômicos. Comentarei-os, quem sabe, depois. Regulação dos artigos 220, 221 e 222 da Constituição, será que ela vai jogar esse jogo? Lula não jogou. A reincorporação do Banco Central ao aparelho de Estado. Essa parece estar melhor encaminhada. A política externa: não vejo grandes mudanças, provavelmente de estilo, talvez ajustes aqui e ali. É fato, porém, que o cenário externo se deteriora. A macroeconomia e a política externa terão que jogar com as circunstâncias. Então volto ao início do parágrafo. Reforma política só sai no começo do mandato. E a regulação dos artigos 220-222 dependerá de solidez na macroeconomia e na base política. Enfim, num mundo interdependente, numa institucionalidade interdependente, num todo que não se divide em partes, há um mosaico de desafios à frente que deverão ter como pano de fundo o processo de redução das desigualdades sociais, ampliação de oportunidades, alargamento da esfera pública em meio às novas velhas questões do ambientalismo, da segurança, da qualidade educacional, etc...

Tô falando complicado. Faz frio aqui. Comentário final: na China, os desafios da elite dirigente também não são poucos. Iludem-se os que pensam que o regime daqui facilita as coisas. Há desequilíbrios, conflitos, disputas. Nossos amigos chineses estão cada dia mais fortes, mas seus desafios não devem ser subestimados.

O festival de cinema brasileiro em Pequim. Um sucesso. Hoje vi O Homem que Engarrafava Nuvens. "Dirigido por Lírio Ferreira, o premiado diretor de Árido Movie, Cartola e Baile Perfumado, esse documentário musical conta a história de Humberto Teixeira, o Doutor do Baião, o compositor por trás de clássicos como Asa Branca, uma das canções mais populares do Brasil".

Fiquei arrepiado e passado de vontade de ir ao Brasil. E os chineses, poxa, ficam boquiabertos. Os gringos presentes também. O baião, o forró. Luiz Gonzaga. A música, a cultura, a arte brasileira. A melhor maneira que temos para ajudar os chineses nessa difícil transição.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cinema Brasileiro em Pequim



Festival de cinema brasileiro em Pequim. Sensacional! Vai lotar, não tenho a menor dúvida.

20/nov (Sábado)
15:00 Conferência: “Panorama do Cinema Brasileiro Contemporâneo” - Anamaria Boschi
15:40 Projeção: “Cinematic Tales of Brazil” (16 Min)
16:00 Documentário: “Além da Luz” (legendas em inglês e chinês) 82 min.
17:30 Conversa com o Diretor Ivy Goulart
19:30 Filme: “Além da Luz” (legendas em espanhol e chinês) 82 min.
21/nov (Domingo)
14:00 Filme: “Canta Maria” (legendas em espanhol e chinês) 95 min.
16:30 Filme: “O Contador de Histórias” (legendas em inglês e chinês) 100 min.
19:00 Filme: “Estômago” (legendas em inglês e chinês) 112 min.
21:00 Conversa com o Roteirista Lusa Silvestre (via videoconferência)
22/nov (Segunda-feira)
14:00 Filme: “O Contador de Histórias” (legendas em espanhol e chinês) 100 min.
16:30 Filme: “Estômago” (legendas em espanhol e chinês) 112 min.
19:00 Documentário: “O Homem que Engarrafava Nuvens” (legendas em inglês e chinês) 106 min.
23/nov (Terça-feira)
14:00 Documentário: “O Homem que Engarrafava Nuvens” (legendas em espanhol e chinês) 106 min.
16:30 Filme: “Canta Maria” (legendas em inglês e chinês) 95 min.
19:00 Filme: “Chega de Saudade” (legendas em inglês e chinês) 92 min.
21:00 Anúncio do melhor filme escolhido pelo público

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Antonioni na China

Michelangelo Antonioni esteve na China em 1972, em plena Revolução Cultural, e deixou-nos esse curioso e fascinante documentário. No trecho inicial do vídeo, temos imagens da Praça da Paz Celestial, a entrada da Cidade Proibida, retratos de Lenin e Stalin, nossos amigos chineses, tudo bem interessante.



Abaixo, mais imagens da China em 1972, por coincidência, que encontrei no youtube. Não há narração, não sei quem é ou são os autores. A trilha sonora é ótima. As imagens são muito bonitas e incluem a Grande Muralha, as Tumbas da Dinastia Ming, Províncias do Interior do País, muita coisa legal.

sábado, 30 de outubro de 2010

Os 77 anos de Mané Garrincha / Boitatá

De volta a Dongguan para o 2o turno das eleições. Solzinho bom por aqui. Mas fico no hotel trabalhando. E não vou falar nada do cenário político. Depois, é provável que escreva bastante, a ver. Na China, muita coisa interessante acontecendo. Podia escrever muito. Mas também não estou com vontade de navegar por essas praias.

Então vou falar de Garrincha. E depois coloco um vídeo que me matou de saudade, vídeo muito legal do Cordão do Boitatá, no Carnaval do Rio, bagunça boa da qual já participei. Garrincha, Boitatá, Brasil, muito a ver. Mas pouco a ver com a China.



Bom, sobre Garrincha já escrevi algo logo no começo do blog, o sensacional documentário do mestre Joaquim Pedro de Andrade, Garrincha, a Alegria do Povo. Deixo então essa foto acima de outro de nossos gênios da raça, cercado por 8 mexicanos, vejam só. E um texto de Mario de Andrade.

Carlos Drummond de Andrade
A necessidade brasileira de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam o prazer de um espetáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.

Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entanto alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, despreparado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguiria vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.

Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconseqüente, com uma inocência que não excluía espertezas instintivas de Macunaíma — nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir um povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia. A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensando-nos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida (se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto) consistia no papo de botequim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prazer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.

Não sou dos que acusam dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral, de ingratidão para com Garrincha. Na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar o fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para nos desanuviar a alma, para nos consolar dos nossos malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, de estrela na testa, como Pelé.

A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe de autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs. Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir a quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que prevêem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória — que não acontece.

Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.


domingo, 24 de outubro de 2010

China-Brasil, razão e paixão

O título é meio pretensioso, mas o post, como o blog, non troppo.

Saudade do Brasil. Mas não queria estar no Brasil nessas semanas. Muitas calúnias, agressões, é uma guerra de torcidas movida a demagogia e hipocrisia. As grandes questões para os próximos não estão sendo discutidas. O debate é superficial, a marquetagem domina. Enfim, o jogo é baixo. Fla-Flu, ou nós ou eles, amor e ódio.

Tenho dito aqui, o Brasil não precisa de confronto, mas sim de diálogo. Há um cenário externo muito complicado e perigoso para os próximos anos, temos que nos prepararmos, infelizmente perdemos a oportunidade de discutir uma série de coisas nessas eleições. Tenho receio de que o clima de batalha perdure mesmo passada a eleição, isso não será nada bom.

Prefiro então, por enquanto, ficar por aqui, auto-exilado em meio aos pandas da Província de Sichuan, passeando pela herança do Reino de Shu, conquistado pela Dinastia Chin, que se desenvolveu aproveitando-se das belas planícies irrigadas pelo Yangtzé, que desce do topo no mundo, no alto do Himalaia, onde deve fazer uma friaca da porra. Descobri também que nessa região resiste uma sociedade matriarcal às margens do lado Lugu, na fronteira com a Província de Yunnan, depois quem sabe eu escrevo sobre isso.

Na China, quanto mais a gente vai mexendo, mais coisa aparece. Tudo muito interessante, o mistério, o fascínio, as descobertas, aventuras. Mas volto e retorno de onde nunca saí, fico com o Brasil tropical, estou com saudade do Brasil, tenho pensado sobre o Brasil e compartilho vídeos selecionados cheios de Brasil. São entrevistas, declarações, feitas por brasileiros e para os brasileiros, parte de nossa história, de onde bebemos o futuro, fontes de inspiração e força, Glauber, Darcy, Freire, Milton Santos, pensadores, sonhadores, é sempre um refresco ouvi-los.





quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Economist: a little funny in the head

He went a little funny in the head. O título do blog veio de uma cena do Dr. Strangelove, ou Dr. Fantástico, clássico de Kubrick dos anos 60. Já a postei duas vezes, aqui e aqui. Recuso-me a comentar a respeito da obra, uma de minhas preferidas. Se não viu, apenas recomendo que vá correndo.

Estava eu hoje num aprazível vôo Shenzhen-Beijing (3 horas), cercado de nossos amigos chineses, o único ocidental no trajeto, lendo a digníssima The Economist. Essa última, da capa com reportagem sobre as razões pelas quais acreditam que o crescimento da Índia superará em breve o da China. A propósito, reportagem interessante, mas limitada em sua análise e, por vários motivos, creio que meio empolgadinha demais. Há também matérias sobre o legado de Lula, uma muito boa sobre a relação da China com "valores universais" y otras cositas más, como uma análise de algumas contradições da Guerra da Criméia, no século XIX. É fácil discordar dos editorialistas da Economist, difícil é abandonar sua leitura. Coisa fina.

Bom, enfim, vamos lá. Uma matéria que chamou minha atenção (não sei se o link está aberto para não assinantes). "Gunning for Trident: The coalition government is divided over whether and to what extent Britain should remain a nuclear power"

Pois é. Os ingleses estão quebrados. Cortam custos. Despesas. Realocam. Ajustam. Choques de gestão. Apequenam-se. Coisas da vida. Nessas idas e vindas, que chato, os gastos com "defesa" são sempre um alvo. Sacaram a ironia? Pois é. O tal do Trident é um míssil nuclear, desenhado pelos norte-americanos, feito para submarinos. Parece que o equipamento atualmente em uso terá que ser substituído em 2020. Custo: US$ 32 bilhões. Daí vêm os questionamentos: vale a pena? o país precisa dessa capacidade nuclear? para que mesmo? e a qual custo?

O artigo discute daqui, argumenta dali, contextualiza brevemente as posições políticas internas e então passa a discutir maneiras de manter a mesma capacidade de dissuadir os eventuais inimigos a um custo menor. Dissuadir = preservar o poder da coroa britânica, seu prestígio, sua força política, com base na ameaça de aniquilação instantânea do inimigo da vez. São citados a Rússia, a China e divaga-se sobre outros países em busca de armamento nuclear que seriam hostis ao Ocidente.

E foi aí que me lembrei do Dr. Strangelove. Inevitável. A racionalidade, a técnica, a geopolítica, o cálculo financeiro, as variáveis políticas internas, tudo sob um contexto maior, não questionado, do equilíbrio do terror, da ameça de morte, da chantagem nuclear. Sei que o Economist não é exatamente um veículo para mudar o mundo. Idealismo não é a praia deles. Mas a naturalidade com que discutiram o assunto, e de forma breve e quase passageira, quase um comentário rápido, tomou conta de meus pensamentos e resolvi compartilhar mais um pouco desse sentimento de espanto, e certo receio, que vai tomando conta de mim conforme as disputas na política e na economia internacional vão se aprofundando e tornando-se mais complexas, intrincadas, sem solução aparente. Sabemos como, historicamente, essas disputas se resolvem. Na porrada. Quando os poetas se calam, cessa a música e jorra o sangue dos inocentes.

Seguem abaixo duas outras cenas do Dr. Strangelove. The Doomsday Machine; Mein Fuhrer, I can walk! Para pensar...



PS: Leitores mais atentos poderão recordar posts, como o 2o citado lá em cima, que é seguido por um debate Samuel x Ricupero sobre o TNP, nos quais defendo que o Brasil não assine o protocolo adicional do TNP. Contradição minha? Incoerência do blog? Pode ser. Em política, certezas demais são perigosas. É preciso dar chance ao diálogo. E mudar de opinião, se for o caso. Sei lá.

Mundo, mundo, vasto mundo. Mais vasto é meu coração.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um trem para as estrelas

O blog tá muito pesado, posts em sequência sobre política interna, política externa, economia & finanças, guerra e paz, entre partidos, entre países. Chove em Hong Kong e estou trancado no hotel dando um tempo para quem sabe passear mais tarde.

Num trem para as estrelas, depois dos navios negreiros, outras correntezas. Cazuza & Gil, cenas do filme, que recomendo.

São 7 horas da manhã
Vejo o Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

sábado, 25 de setembro de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

In a Silent Way

Viagem de Miles Davis remixada e com um vídeo muito maneiro, bem feito, viagem em cima de viagem, arte gráfica, música, silêncio, reflexão.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um segundo, um momento, uma vida

Feliz Ano Velho

Hoje retornei à prisão (ver post anterior). Levamos vitaminas, tempero, bola de volei, dois pares de tênis, notícias do corinthians e da seleção, revistas várias, até revista Caras. Mais importante, levamos livros. Estou incentivando-os a escreverem um livro sobre a experiência. É bom. Em 1o lugar, por lembrá-los de que há futuro, de que o dia da liberdade chegará, de que eles podem fazer planos e não só ficar amargurando o dia-dia. Em 2o lugar, porque têm uma história única e devem contá-la. Em 3o lugar, para passar o tempo e refletirem sobre muita coisa, tirarem lições.

Para isso, presenteei-lhes com Estação Carandiru, onde se descreve uma prisão, os personagens, a hierarquia, o dia-dia. Também lhes dei o Feliz Ano Velho, grande livro do Marcelo Rubens Paiva. A história é semelhante a deles: era feliz, curtia a vida, tava de boa, de repente um dia, um belo dia, um momento, um erro, uma cagada, e tudo mudou. No caso do Marcelo, foi um pulo de cabeça num lago que o deixou paraplégico. No caso deles, uma idéia idiota de roubar um celular numa loja. Um segundo... e sua vida mudou. Pois bem, o livro do Marcelo é muito bom. Descreve a dor, as memórias e como fez para superar as dificuldades da nova vida.

Um terceiro livro, Obras-Primas do Conto Universal, é para a alma deles. Pequenas histórias dos maiores mestres da literatura mundial.

Não consegui ser recebido pelo Diretor do Presídio, mas sim por um subordinado que é responsável diretamente pelos dois brasileiros. Fiz discurso, dei livros e DVDs sobre o Brasil. Um texto do Lula "O Futuro dos Seres Humanos é o que Importa", o Plano de Ação Conjunta Brasil-China, livro com poesias do Mario Quintana traduzidas para o chinês, texto em chinês, com CD, de música brasileira.

E uma camisa da seleção, hehehe. A número 9, amarela, de Luis Fabiano, herdeiro de Vává, Amarildo, Tostão, Careca e Ronaldo (e Romário, que jogava com a 11). Os brasileiros têm conseguido assistir aos jogos das 22hs. Hoje, no difícil duelo com a Holanda, será às 22hs, beleza. Mas a final será às 2:30hs. Creio que consegui convencer nosso amigo a lhes permitir ver a final, caso o Brasil se classifique.

Tudo aqui na China tem um certo protocolo. Tiramos fotos, a entrega dos presentes foi até filmada. Fiz discurso sobre a amizade Brasil-China, a importância do futebol no Brasil, como o Presidente gosta de futebol, o bom comportamento dos presos, o fato de que reconhecem o erro, os agradecimentos pelo bom tratamento que a Embaixada e os presos recebem por parte da Direção do presídio, etc... Deitei falação. Pedi também que fossem transferidos para a mesma cela para diminuir a solidão. Por fim, pedi ainda que encaminhassem o mais velho para um dentista, pois ele usa aparelho e faz dois anos que não ajusta nada, e consta que está incomodando bastante.

Quanto ao dentista, pediu pra esperar, pois estariam instalando equipamentos para tanto no presídio. Quanto à transferência para a mesma cela, disseram ser contra a orientação geral, pois a idéia é que se socializem com os outros. Devem entrar nos cursos de línguas. Quanto à seleção, a resposta foi positiva, mas não deram um ok assim definitivo. A ver. De todo modo, valeu.

Abaixo, a cena inicial do filme que fizeram sobre o livro do Marcelo Rubens Paiva. É um filmaço. História de vida. Recomendo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Adendos

1) No post sobre a Lei de Anistia e o STF, havia escrito que a lei foi pactuada, aprovada pelo Congresso. É uma meia-verdade e, como se sabe, as meias-verdades podem ser as piores mentiras. O regime militar tinha a maioria na Comissão. Houve diversos votos contrários. Naquela situação, naquele tempo, fica difícil dizer que havia clima, ou legitimidade, para uma solução diferente. Não sei se seria o caso, mesmo assim, de abrir a janela para punição, 30 anos depois, dos torturadores. Pois fica a pergunta fundamental: e os mandantes? e quem estava por cima? e quem se fez pelas graças do regime militar? Estão aí: políticos, bancos, empresários, meios de comunicação poderosos. Eles também serão punidos? Como não acredito nisso, não sei, acho melhor olhar para frente. Talvez por não ter vivido esse tempo, por não conhecer ninguém que tenha sofrido nas mãos do regime, eu não esteja tão ligado assim a isso.

2) No post sobre os 90 anos de Fellini, falei sobre a cena da montanha russa. Mas revi 8 e Meio recentemente. Essa cena é de outro filme dele, não me lembro qual. Ou é fruto de algum sonho meu.

3) Sonho meu, sonho meu. Quem conhece esse samba pode imaginar minha alegria ontem no Brazil Cultural Day em Pequim. Estava sol, pessoal animado, gringaiada compareceu, foi bem legal. O Brasil tá na moda. O vira-lata se tornou chique.

sábado, 24 de abril de 2010

Omaggio

Outro dia estava no aeroporto de Pequim esperando por algumas horas a chegada do voo de uma ôtoridade brasileira. O voo dele atrasou umas 3 horas, foi um perrengue a espera, um saco total, madrugada friorenta. Felizmente estava com o Ipod, o que ajudou. Antes de vir para a China, copiei musicas do Coconuts my brodar e da Kercia meletinha, ambos com muita muita coisa boa. Entao fiquei la ouvindo um monte de novidades, experimentando sons que não conhecia.

La pelas tantas fui ouvir Caetano, um som ao vivo, achei legal e procurei o nome da musica, Gelsomina, e eu parei, parei, parei e entao me lembrei. E depois fui ver o nome do disco: Omaggio a Federico e Giulietta. Gelsomina... vou falar o que? Quem nunca viu a Estrada da Vida, La Strada, que vá ver e por favor não assista ao vídeo que postei com a cena final.



Caetano: Omaggio a Federico e Giulietta: Gelsomina



Tu che amar non sai
Tu che amar non puoi
Sei stregata dall'amor

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Esclarecimentos, comentários, reflexões

Aos sobreviventes do blog,

Estou em processo de mudança. Pequim é bem longe. Maior trabalheira. Trampo. Correria. Lógico que deixei tudo para a última hora. Mas vai rolar, tá indo. As despedidas têm sido maravilhosas. Talvez um dos melhores períodos da minha vida. Nessas, o que já ia atrasar ficou ainda mais atrasado. Correria. Trampo. Por isso o blog tem descansado um pouco.

Aliás, Memórias, Sonhos e Reflexões não é um livro do Jung. É sua autobiografia. São portas que tenho aberto em minha vida. Caminhos. Um dia vou ler.

Comprometo-me a não ficar falando muito do Santos em 2010, senão vai monopolizar o blog. Esse ano vai ser brincadeira. O SP, time montado e experiente, já foi vencido com certa facilidade. E que golaços. E eu lá, em Barueri, feliz... Ganso, Robinho e Neymar são um espetáculo. O melhor ataque do mundo, eu arriscaria. Acorda, Dunga, junta eles com o Elano e levamos a Copa com goleada em cima de goleada.

Para não dizer que não falei das flores, seguem dois posts do nosso amigo Alon sobre o Fla-Flu Lula-FHC. Antes, não posso deixar dizer que considero positiva a candidatura do Ciro, para além da Marina. É importante ampliarmos o debate, novas perspectivas, posicionamentos, questionamentos. Ciro tem estofo, tem idéias, está preocupado com a governabilidade do pós-Lula. Aliás, na Revista Interesse Nacional, em mais uma boa edição, Zé Dirceu combate a idéia de que poderia haver uma convergência PT-PSDB. Não concordo com ele, embora ele tenha seus pontos. Enfim...

do blog do Alon

Demonização em excesso (10/02)
O político pode dar-se ao luxo inclusive de arrepender-se. Desde, é claro, que o arrependimento não implique abrir mão do que conquistou com os meios dos quais agora se arrepende


Um lance arriscado na política é pintar o adversário como algo mais defeituoso do que é. Não há artilharia de marketing que dispense, alguma hora, o uso da infantaria da informação, dos argumentos. Por isso, a longa e maciça campanha do PT para carimbar o governo Fernando Henrique Cardoso como um desastre deverá em certo momento voltar-se contra o criador.

FHC fez um governo com erros e acertos. Talvez mais acertos do que erros. Luiz Inácio Lula da Silva faz um governo melhor que o do antecessor, mas as comparações objetivas não são assim tão contrastantes, tão revolucionárias. O tucano fez privatizações bem criticáveis, como a da Vale, mas o PT no poder não reestatizou a empresa. Nem a candidata do PT diz que vai fazer isso.

A verdade é que o Brasil vem progredindo por etapas, mais rápido ou mais devagar, em especial desde a Revolução de 1930. A obra de cada presidente ergue-se sobre a herança dos anteriores. Depois de Getúlio Vargas é complicado dizer que algum tenha promovido rupturas. Talvez esse gradualismo tenha a ver com o desejo de não terem o destino do gaúcho.

Um americano, Seth Godin, relançou ano passado seu livro "All the Marketers are Liars" para reafirmar que, na opinião dele, todos os marqueteiros são mentirosos. E que o melhor marketing é a autenticidade. O exemplo recente seria Barack Obama (isso digo eu). É o político mais autêntico e transparente disponível, entre os planetariamente conhecidos.

Deu certo na campanha presidencial nos Estados Unidos, mas ainda está por dar certo no governo. A oposição republicana parece discordar radicalmente de Godin. Não propriamente no título do livro, mas na conclusão.

O PT também foi a seu tempo vítima do catastrofismo e da deturpação. Hoje recolhe os frutos de terem falhado os profetas do apocalipse. Diziam tantas barbaridades do que seria um eventual governo federal do PT que quando ele chegou ao poder a surpresa acabou sendo positiva. Aconteceu em 2003, mas teria acontecido antes, caso Lula tivesse subido antes a rampa do Planalto. A regra nos governos locais do PT pré-2002 sempre foi responsabilidade fiscal, gestão equilibrada da máquina pública e foco em benefícios estatais para os pobres. Como é agora em Brasília.

Em São Paulo, aliás, a administração Luiza Erundina (1989-92) acabou sendo tão austera que ela nunca mais conseguiu se eleger para um cargo executivo. Não foi só isso, mas teve a ver.

Prestar atenção excessiva ao que os políticos dizem em público uns dos outros é desperdício de tempo e energia. Nesse campo eles dão razão a Godin, pois mentem de modo compulsivo. O cálculo é simples: quanto mais o sujeito puder atrasar a consciência sobre a realidade dos fatos, melhor.

Se tiver sorte, na hora em que a ficha coletiva cair ele já estará sentado na ambicionada cadeira, e daí passará a administrar em posição de força o fato de ter mistificado no passado. Em geral não é tão difícil assim, pois o público quase tudo perdoa, se as coisas estiverem dando certo.

O político poderá dar-se ao luxo inclusive de arrepender-se . Desde, é claro, que o arrependimento não implique abrir mão do que conquistou com os meios dos quais agora se arrepende.

Por que FHC decidiu escrever o artigo do fim de semana em que se diz disponível para comparações entre o governo dele e o de Lula? Só ele poderá esclarecer. De qualquer modo, por mais desvantagem que o tucano leve, os números serão incapazes de chancelar a demonização promovida pelo PT e pelo governo ao longo destes sete anos. Assim, quando alguma racionalidade acabar introduzida no debate, é possível que FHC e o PSDB colham dividendos político-eleitorais.

A tática do PT é cartesiana. Como os números de Lula são melhores que os de FHC, não vale a pena promover uma volta ao passado. Simples de comunicar, mas não impossível de desconstruir. José Serra não é um fantoche de FHC, assim como Dilma está a anos-luz de ser um marionete de Lula.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quarta (10) no Correio Braziliense.


Marina

É bom ficar de olho em Marina Silva. Seu programa de televisão quinta-feira foi muito bom. Obedeceu a um mandamento vital: autenticidade. Políticos falando no horário eleitoral (ou partidário) dão sempre a ideia de estarem lendo um texto escrito por outros. Parecem fantoches. Marina não. Ela consegue evitar o incômodo (para o telespectador).

Na era da informação abundante e disseminada, a tendência é o marketing eleitoral ser substituído pelo jornalismo. Tem que ter a musiquinha, a lagriminha, mas o central é conhecer o candidato em situação verídica. Olho no olho. É por sinal um combustível de Lula. Você pode concordar ou discordar, mas ele dá a impressão de acreditar no que diz. Mesmo quando diz uma coisa hoje e outra diferente amanhã.

E tem a questão técnica. Se o público estivesse só atrás de apuro técnico, a TV aberta não estaria tendo que trazer o YouTube para a programação. O público quer menos burilação e mais conteúdo.



Quem fez um comentário no post sobre nosso mestre Fellini poderia se identificar. Corro o risco de perder uma amizade, um amor antigo, uma pequena paixão perdida no tempo. Mande um email no antonio.freitas05@gmail.com. 09 de fevereiro. A franqueza é sempre o melhor caminho. Não me lembro, je suis desolé.