sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

90 anos de Fellini

Ontem nosso amigo Fellini completaria 90 anos. Gênio. Mestre. Imortal.

Não chego a conhecer todos seus filmes, embora já tenha visto diversos: "A Estrada da Vida", já comentado aqui, obra-prima magnífica; "Cabíria", também acho que já comentei, um filme primoroso; "La Dolce Vita", vou falar o que, o título é uma palhinha... "Amarcord", filosofia, memórias, caminhos; Cidade das Mulheres, Mastroianni confuso e dominado pelas damas; "E la Nave Va", uma viagem onírica e surrealista pelo teatro da vida; "A trapaça" e "Os boas vidas", filmes mais de rua, roteiros, aproximação, falas mais rápidas. Faltam ainda várias, e é uma alegria saber que ainda tenho muito Fellini pela frente: Satyricon (a decadência moral ho ho ho de Roma nos tempos de Nero), Bocaccio 70, Roma, Julieta dos Espíritos, Casanova...

Talvez tenha me esquecido de outros. Não importa. Basta escrever algo aqui, mencionar o quanto me agradam os filmes do mestre e deixar a recomenação aos leitores para que embarquem em histórias fantásticas sobre nossas vidas, viagens, cores, surrealismo, sonhos oníricos, devaneios, psicologia, instintos, reações, primor fotográfico e musical, humanismo, crítica social sem ser óbvia, enfim, genialidade em todos os aspectos, uma experiência e tanto, o cara apresenta uns lances mágicos, temas circenses, cria uma atmosfera inebriante, entre o sonho e a realidade. Fellini é realmente dica obrigatória e a prova disso é que não estou sendo nada original. É superlativo.

Destaco abaixo um vídeo especial montado com a música tema de Nina Rota para "Fellini 8 e meio". Trata-se de filme meio autobiográfico, paródia, para o interior de um personagem, caminhos oníricos do presente entremeado pelo passado.

Um diretor de cinema enfrenta dificuldades para montar seu filme. É pressionado, tem dúvidas, conflitos, falta de idéias. E Fellini nos presenteia com memórias, sonhos e reflexões, para usar o título de uma obra de Jung, que aliás foi influência nesse e em outros filmes. Uma viagem pelo interior, em imagens, do cineasta em crise.

A cena final, com Mastroianni, à noite, numa montanha russa na qual vagueia sozinho, sob luzes que também vagueiam, e passam diante de si parentes, amigos, mulheres, memórias, um mergulho no passado, na história, é uma cena memorável, de sonho mesmo. Se me permitem uma colocação pessoal, faço uma pequena analogia com o que tenho sentido ao me preparar para viajar para encarar uma civilização totalmente diferente da nossa. E distante.

A cabeça voa num enorme processo de interpretação, de avaliação, memórias, a captura de momentos, atos, imagens, luzes, sons, do passado e do presente, especialmente estando em São Paulo. É a base do que fui e sobre a qual construirei o que serei. É o que somos. Fellini 8 e meio traz essa perspectiva para a tela, fotografia, contrastes, tons, musical, o filme nos apresenta um ser humano e desvenda seu interior.

Bom, e temos também Claudia Cardinale. E a música de Nino Rota. Ouçam essa música. O final dessa música. É circo. O circo da vida.

Post-scriptum: revi o filme nesse último final-de-semana. Não há cena da montanha russa. Há uma ciranda engraçada. Taí, não me envergonho, porque Fellini confunde mesmo, mistura. A montanha russa, onde estaria? La nave va? Cidade das Mulheres? Vou procurar...

2 comentários:

  1. Valeu Antonio,
    Bonita e merecida homenagem ao Mestre!
    Abs,
    Bruno

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  2. Bonito! Mas.... nenhum comentário sobre o grande aniversário desse dia???? Sniff sniff.... (Brincadeirinha....)

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