terça-feira, 29 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não há, ó gente, ó não

Lua cheia por aqui. Lamento, mas a de Brasília é muito melhor. Incomparável.

Tive uma idéia

Na madrugada de Pequim, à espera de Argentina x México, uma lâmpada se acendeu.

Pequim-Moscou pela Transsiberiana. A ver que pasa.

Harbin

Harbin, no nordeste da China, faz fronteira com a Rússia, a Mongólia Interior e a província de Jilian. Estive lá por uma semana. Participamos de uma Feira, rolou um seminário sobre o Brasil, fizemos visitas, tínhamos um estande. Foi bem interessante a experiência profissional e em termos de turismo também foi bom, a cidade é cheia de história, Manchúria, influência russa, invernos bem difíceis, esculturas de gelo, tigres siberianos, chineses e mais chineses. Atendendo a pedidos, coloco algumas fotos.

Pois é, não estou conseguindo fazer o glorioso upload das fotos. Pois é. E a Inglaterra, hein?

domingo, 27 de junho de 2010

Dunga em dias de fúria

Pra quem está acompanhando a seleção, assista a esses vídeos e gargalhe à vontade, excepcionais.



sábado, 26 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dos montes das Minas Gerais

Chico Buarque, Gal Costa, Djavan, Dorival Caymmi, Tom Jobim e Daniela Mercury cantam "Paratodos".

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Banho de Lua

Legal o vídeo, a versão original da música. Eu sei, eu sei, tenho escrito pouco, sobre a China, sobre tudo. Mas tá tudo indo bem aqui, tá como a seleção, parece que entrou nos trilhos. Já o mundo está como a seleção chinesa, numa onda negativa. E no Brasil... bem, no Brasil a turma do S briga com a turma da D que briga com a turma do S que briga com a turma da D, mas até agora não vi nada de substantivo nos debates, tudo muito superficial, os dois lados precisam de um banho de lua... na verdade, o processo todo precisa de um banho de lua, é impressionante como o ápice do método democrático é carente da própria democracia, da expressão de idéias, da participação popular, é tudo opaco, raso, personalizado, centralizado, hierárquico, princípios abertamente distorcidos. Bom, na enorme maioria dos países é muito pior. Talvez esteja sendo muito exigente. Mutatis mutandis, Mutantes.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Yáyá Massemba

Castro Alves, o povo Kalunga, a música e a história do Brasil, do ventre de um navio negreiro para a voz de Maria Bethânia.

Umbabarauma Homem Gol

Em homenagem ao Luis Fabiano, nosso homem gol, Umbabarauma dos gramados africanos, herdeiro de Vava, Tostão, Dada, Chulapa, Careca, Bebeto, Romário, Ronaldo e Paulinho Mclaren. Jorge Ben e Mano Brown juntos e a lembrança da canela do Chulapa na final de 1984.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Copa na China

Fazendo a cabeça em Pequim. Pois é.

É Verão. Copa. Brasileirada se junta. Já viu...



O narrador em chinês da CCTV, a TV oficial da China, é péssimo. Sem emoção. Já aconteceu de sair gol e eu estar distraído e não perceber.

A China tem aspectos engraçados. Parece que na Copa de 2006 o antigo narrador surtou num gol da Itália e aí foi demitido. Então contrataram esse cara. Que é um saco, parece ele também é criticado por toda a China, em sites e blogs. O Galvão Bueno local, só que por outros motivos.

Aprendi a falar chutou. Pois é, o narrador lerdão de repente dá um grito: TÁMEN! Isso quer dizer chutou. Sempre que ouço o tal da Támen presto atenção.

A China é engraçada. Saiu um editorial sobre a Copa no China Daily, jornal oficial em inglês, na semana passada, esculhambando o novo Presidente da Federação Chinesa de Futebol, que assumiu o cargo faz poucos meses. O anterior caiu porque estava envolvido em apostas e manipulação de resultados. E a seleção não foi pra Copa.

Pois bem, ao novo Presidente era recomendada atenção. Não deveria ficar na balada na África do Sul, mas sim aprendendo a trabalhar para levar o time à Copa 2014. Observar os adversários Japão, Coréia do Sul e Coréia do Norte. Limpar o futebol de apostas e corrupção. E, vejam só, tinha que tirar os jogadores da esbórnia com mulheres e jogatinas em que viviam. Segundo o editorial, os jogadores chineses não valeriam nada. Os compararam aos norte-coreanos, que "bravamente haviam resistido ao poderoso Brasil".

A China tem umas coisas muito legais. Pitorescas. É engraçada, às vezes incompreensível. Caricatural, mas misteriosa em seus ritos. Já estou habituado ao fato de estar perdido.

Estou certo de que sediará uma Copa em breve, talvez em 2022. Assim ao menos já garantem a classificação. Eles gostam muito de futebol. Por tabela, do Brasil. Lóbinho, amigo, aqui se fala Lóbinho...

Problemas com o acesso

Estava com problemas para acessar o blog. É preciso ter um programinha esperto, pois a internet na China sofre com algumas dificuldades. Agora espero ter resolvido.

Muita coisa para comentar: viagem a Harbin, os falcões do déficit em ação, Marina Silva, rolês de bicicleta em Pequim, vídeos com sons legais, a Copa.

A ver se retomo as postagens. A seleção ontem foi muito bem, gostei bastante. Time raçudo, concentrado, tocando a bola, se movimentando. O ataque está muito bom. Luis Fabiano foi sensacional. Fez um gol histórico, golaço, honrou a mística da camisa 9, o artilheiro, matador, não perdoou. Kaka mostrou lampejos de seu futebol, melhorou. Robinho segue muito bem, tá faltando o gol do Pelezinho.

O jogo foi 2 e meia da manhã aqui, 2a feira, um saco, sem condições de festa. Mas o próximo é 6a feira 10 da noite. Aí sim.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Se todos fossem...

Ia comentar aqui sobre o petróleo. Continua jorrando. Sujeira, morte. É incrível.

É simbólico, por várias e várias razões. Por ser petróleo extraído das profundezas do planeta. A economia do carbono, insustentável. Por ser a mais alta tecnologia levando-nos ao mais terrível desastre. Por ser uma empresa britânica operando junto aos EUA, mais uma vez a dupla anglo-saxônica causando problemas. Pelo setor privado ter feito a bobagem e agora é o Estado que assume a responsabilidade. Pelas notícias de que a indústria de petróleo também se guiava pelos preceitos da "auto-regulação". E tem enormes bancadas nos parlamentos. Recordo-me da lição básica de meus tempos de FGV: maximizar a riqueza do acionista. Abelhas nas engrenagens do sistema. Maximimizar a riqueza do acionista.

Aliás, parênteses: o marco regulatório do pré-sal passou no Senado. Agora volta à Câmara. A ver, creio que o projeto é positivo. Falta sair a capitalização da Petrobrás.

Mas, não estou com vontade de falar de coisas ruins ou temas pesados. Deixa isso pra lá, o que que há, o que que tem. Vamos falar de Clara Nunes. E de Vinicius. Se todos fossem iguais a você. Pessoas que fizeram o mundo melhor, um mundo mais feliz. Deixaram um rastro de alegria. Viveram, ajudaram outros a viver. No domingo, na festinha brazuca aqui, vou ver se coloco a Clara para tocar. Vinicius. Maria Bethania. Gil. Martnalia e Carlinhos Brown.

Crescimento, Desenvolvimento e a torcida contrária

A propósito do post abaixo, Disco Velho, mais um texto do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que parece estar mais à vontade no debate como Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Transcrevo o último parágrafo. Noto apenas que o Embaixador não elabora sobre as bases socioambientais em que se daria a meta de crescimento a 7% ao ano que estipula. É a velha estória da diferença entre crescimento e desenvolvimento. Mas o texto é essencialmente correto no diagnóstico e na crítica que faz a um pensamento que busca constantemente desmerecer o país, jogá-lo para baixo, pintá-lo como um incapaz.

"Porém, finalmente e por outro lado, caso se deseje manter o Brasil como país pobre e subdesenvolvido, basta crescer a taxas modestas, obedecendo a todas as metas e a supostos potenciais máximos de crescimento, e, assim, lograr manter a economia estável porém miserável. Este baixo crescimento corresponderá a um custo humano e social elevadíssimo para a imensa maioria da população, exceto para os super-ricos, que se transformarão, cada vez mais, em proprietários rentistas e absenteístas, distantes e alheios aos conflitos que se agravarão cada vez mais na sociedade brasileira."

Amores impossíveis

Memórias de um jovem Zé Ramalho em João Pessoa, é o que dizem. Um amor impossível com diferenças de idade, classe social, estado civil. Grandes amores, grandes artistas, grandes obras, mais um clássico de nossa MPB. E palmas para Elba Ramalho, outra que já fez muita gente feliz.

Nunca ouvi tanta MPB como agora na China. Aliás, hoje finalmente chegou minha mudança. 115 dias depois. E que mudança. Neste sábado, o primeiro passeio de bicicleta em Pequim. Hutongs. Demorou, a cidade é plana, como Brasília.

Disco Velho

Disco velho, notícia antiga, curioso papo que se repete de uma maneira que nem dá mais vontade de comentar. Aliás, tenho falado pouco de economia política, nacional e internacional. Num outro post comentarei sobre as pressões que agora recaem sobre o governo norte-americano para fazer o aperto fiscal. Por ora, vamos ficar com os sábios do Banco Central do Brasil que subiram novamente os juros.

Saíram números muito significativos sobre o PIB brasileiro no 1o trimestre de 2010. Era esperado. A base de comparação é fraca. E a economia retomou mesmo o ritmo de antes da crise. Com expectativas de mais crescimento, há muito otimismo. Mas os números do 1o trimestre impressionam. Ritmo chinês, cantam as manchetes. E daí seguem os ditos analistas afirmando que é algo insustentável. Há riscos de inflação, alertam. Falta poupança, argumentam. Está aberto o caminho para os gênios justificarem a alta nos juros. A maior taxa real do mundo?

Não vou entrar nas tecnicalidades. Só digo que nosso problema está na conta corrente. Que o investimento gera crescimento e dá condições para o aumento da poupança. Que a posição do câmbio também influencia a formação de poupança. Que o câmbio flutante flutua, é lógico, mas a riquza financeira dos mercados em muito supera o valor da produção global. E são movimentos em geral meramente especulativos, sem relação com emprego, renda, investimento, etc... Portanto, o câmbio flutua, mas não necessariamente devido a fatores reais. E isso distorce o ajuste da conta corrente via câmbio. Hoje li um número assustador, a projeção de déficit na conta corrente de 6% do PIB para 2011. Pagaremos o preço? Há o pré-sal. Mas não devíamos estar contando com isso assim.

Não vou e não quero me alongar. Há uma série de falácias supostamente técnicas que tentam justificar um jogo que é essencialmente político. Dinheiro fácil nos círculos da alta finança. Transferências de renda, acúmulo de riqueza. O rentismo, a hegemonia dos credores da dívida pública, a dobradinha câmbio-juros. Para colocar uma cereja no bolo, o país contribuindo para o crescimento dos países ricos via importações. Tudo que pedem à China, à Alemanha, ao Japão, sem que eles atendam, o Brasil faz por livre e espontânea vontade. Um bom menino. Para deleite dos mercados.

Quando Serra ousou questionar de maneira mais firme uma porta-voz dos credores travestida de jornalista, foi atacado. Curiosamente, Dilma declarou ser favorável a avanços na autonomia do Banco Central. O debate eleitoral é coisa de maluco, não procuremos lógica nem muita profundidade. O mesmo vale para o teatro do aumento dos juros. É tudo política, tudo muito rasteiro. Preocupo-me com o futuro.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Forró em Xangai



Xangai é uma cidade única, com modernos e enormes prédios e um visual espetacular. Mais despojada que Pequim, bem mais, mais cosmopolita, aberta, creio que feliz. Culturalmente, é certo que não é tão interessante, embora sua arquitetura tenha diversos traços mais antigos misturados à herança da ocupação estrangeira em meio a arranha-céus sensacionais. Mas é certo que culturalmente Pequim oferece muito mais, é a capital do Império. O clima em Xangai, porém, é mais gostoso, mais quente, mais úmido e as pessoas nas ruas me parecem mais soltas, retomando, despojadas mesmo.

Fui a lugares muito interessantes, jantei em restaurantes com vistas magníficas, fui numa balada com um visual sensacional, num bar com música ao vivo muito gostoso e até num forrozinho brasileiro fui parar. Xangai tem uma vida noturna certamente mais interessante. E mais brasileiros, mais latinos, mais ocidentais. É uma cidade rica, de negócios, de turismo, e por isso também um pouco mais superficial, segundo me explicaram algumas pessoas que lá conheci. Vale muito uma visita, mas pra morar, se somar tudo, acho que Pequim acrescenta bem mais. Ainda mais no meu trabalho, sem comparação...

Sobre a Expo: é legal e tal, tudo meio impressionante, mas não acho muita graça nesses pavilhões, nessas exibições todas. Pra falar a verdade, não tenho a menor paciência. Se quer conhecer sobre um país, leia um livro, vá visitá-lo, não perca seu tempo na Expo. São estereótipos e alguma gracinha visual.

O Dia do Brasil na Expo foi 3 de junho. Durante a semana, tivemos seminários, debates, visitas, almoços, jantares, cerimônias, aplausos e discursos. Sim sim sim. Muito interessante. Mas o que valeu mesmo foram os shows. Martnália mandou bem no showzinho rápido da cerimônia oficial de abertura, com a presença dos Ministros Mantega e Xie Xuren (Finanças/China). Colocou uma sobrinha dela pra dançar na frente dos caras... dançar daquele jeito sensual... vizi... E depois o Carlinhos Brown que aprontou suas brincadeiras pela manhã. Showzinhos rápidos, 15 minutos cada. Uma palhinha.

À tarde, sim, Martnalia entra no auditório central. Umas 2 mil pessoas lá. Todo mundo sentadinho nas poltronas vermelhas aveludadas. Primeira música, sentados. Segunda música, sentados. Terceira música e uns mais animados foram pro canto do palco dançar. Logo chegaram outros. E mais outros. E mais alguns. Foi uma boa bagunça, showzaço com direito a Aquarela do Brasil, clássico em excelente versão.

Depois, 20hs, vem o Carlinhos Brown. Auditório lotado, todo mundo sentadinho. Desta vez, porém, já ninguém mais guardava o lugar do ingresso, todo mundo sentou onde quis. Eu estava logo na primeira fila, hehe. Primeira música, meio que um aquecimento espiritual, lenta e longa cantoria. Segunda música, "uma brasileira", aquela do paralamas, "one more time-ime-ime". Putz, geral já se levantou e grudou no palco. Terceira música, tudo lotado na frente do palco. Auditório de pé. A imprensa noticiou que a segurança ameaçou parar o show. Pra que. A zona tava só começando.

Em resumo, foram quase 2 horas de uma puta bagunça. Brasileiros, uruguaios, argentinos, latinos em geral, franceses, outros europeus, galera tomou conta e o Carlinhos Brown comandou. O cara só não fez chover. Entre outras coisas, desceu do palco pra cantar em meio ao pessoal. Fazia o povo correr de um lado para o outro. Desceu novamente e saiu correndo para o fundo do auditório. Deu a volta com uma multidão seguindo-o. Causou, para espanto dos chineses. Muitos entraram na confusão. Outros não acreditavam, mas curtiam. A brasileirada, uns 30% do público, sei lá, passou mal de alegria.

E olha que não rolava bebida, apenas umas latinhas contrabandeadas que não duraram 5 minutos.

À noite, encontramos Martnalia na balada com vista espetacular, playboyzada de Xangai e uma linda bandeira da China tremulando. Falei com a Martnalia. Agradeci a ela. Rimos juntos. Demos gargalhadas. Maior astral. Ganhei um meio-selinho da gata, hahah, foi assim na trave. É sério. Quem conhece ela, e me conhece, deve imaginar como foi engraçado. No dia seguinte, Pavilhão da cidade de SP, shows do Zimbo Trio e do Clube do Balanço. À noite, nova noitada, o Clube do Balanço apareceu pra tocar. Um barzinho sossegado, coitado, a brasileirada impregnou e acabou fechando às 5 da matina. Muitos brasileiros haviam vindo apenas para as cerimônias e eventos da semana. Bem legal. Na noite seguinte, forrozinho que ninguém é de ferro.

Forrozinho então pra terminar... com o mestre falando de sua relação com o pai Januário.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pensando além

Há alguns pensadores que escapam da armadilha das torcidas organizadas, pairam acima dos fogos de artilharia e demonstram sincera preocupação com os rumos do país nos próximos anos. O Vianna é um deles, acho que já o citei aqui.

Do Valor

A sucessão e o banho de lua

Luiz Werneck Vianna
07/06/2010

"Tal como no belíssimo romance "O Albatroz Azul", de João Ubaldo Ribeiro, em que o nascimento de uma criança é bafejado pelo sortilégio dela ter vindo ao mundo de bunda para a lua, feliz augúrio, conforme antiga crença, de que ela seria dotada de melhor sorte do que a sua sofrida família, já dá para suspeitar que algo com o mesmo condão propício se faz presente no governo Lula. Só mesmo a proteção do destino seria capaz de reverter o que parecia ser uma aposta grávida de perigos, como a cartada iraniana da diplomacia presidencial, em um trunfo promissor para o sucesso dessa intervenção em paragens tão distantes como as do Oriente Médio.

Pois foi o que aconteceu a partir dessa malfadada e iníqua agressão praticada por forças militares de Israel contra uma flotilha de voluntários que tentavam levar solidariedade à população palestina da Faixa de Gaza, e que pôs a nu os equívocos cometidos pelos dirigentes daquele Estado quanto à sua política para a sua região, suscitando um clamor de protestos da comunidade e da opinião pública internacionais. A mesma boa sina socorreu o presidente quando do episódio do mensalão em 2005, do qual saiu indene de uma avalanche de denúncias de corrupção contra o seu governo para uma consagradora reeleição no ano seguinte.

A calmaria em que transcorre a sucessão presidencial, desconhecendo, ao menos até aqui, duros antagonismos entre os três principais candidatos envolvidos, assemelhados em tantos aspectos cruciais, podem sugerir de que estamos a assistir a uma disputa entre alas de um mesmo partido. Como que postos de acordo quanto ao principal, os candidatos divergem em questões tópicas, a exemplo, entre outras, do quantum de autonomia que deveria gozar o Banco Central, de como encaminhar uma reforma tributária - exigiria ela uma emenda constitucional? -, todos alinhados a uma perspectiva pós-Lula, que não deixa de ser, querendo ou não, também pós-FHC, com os temas da estabilidade financeira e da responsabilidade fiscal.

, a se tomar pelas aparências, já teríamos atingido um ponto ótimo na história da evolução do país, restando agora cuidar - por que podemos mais - do seu aperfeiçoamento. E, assim, essa hora da sucessão, longe de impor um debate sobre os caminhos já percorridos e sobre a marcação dos objetivos estratégicos a serem atingidos, se apequena na rotina e na reiteração de práticas, algumas delas tidas como tão consagradas que ninguém se atreve a discuti-las. Tudo se passa como se não estivéssemos no fim de um governo, mas no seu recomeço. Para que, então, uma sucessão?

Dessa forma, uma política orientada para intervir em caráter emergencial, legítima enquanto tal, como o assistencialismo do programa Bolsa Família, ameaça se tornar permanente sem que se discutam os seus aspectos perversos, como na criação de uma gigantesca clientela a que não se fornecem os meios para escapar dessa condição. Mais que isso, apresenta-se o que deveria ser apenas um paliativo como instrumento idôneo de correção da nossa desigualdade social.

Nessa circunstância, em que o que vale é o resultado imediato, redescobrem-se, no baú da nossa história, velhas ferramentas a que se pretende dar uso novo, como o sindicalismo controlado por seus vértices, agora representados por centrais sindicais dependentes do imposto sindical. Amplia-se o Estado em um sem número de agências que invadem a esfera da sociedade civil com a disposição de regulá-la por cima. O social passa à órbita de um Estado administrativo sob a gestão de uma tecnocracia especializada, tal como se pretendera fazer com o mundo do trabalho nos idos do Estado Novo. Nessa chave, a sociedade civil é vista como uma matéria prima sobre a qual deve se exercer a modelagem de uma intelligentzia de novo tipo a que se atribui a missão de combater a desigualdade social.

Nessa construção, não sobra espaço para a política, quase um monopólio de fato do Estado e dos seus agentes. Estiolam-se os partidos, boa parte deles destituídos de representação significativa, dependentes de favores do governo, sem vida própria, apropriados por uma "classe política", em sua maioria, animada pelo projeto único de garantir a sua reprodução. Ausente a energia que provém da luta política, vive-se na modorra do pensamento único, qualquer manifestação de dissonância com os rumos atuais, a que restaria apenas aperfeiçoar, soando como um crime de lesa majestade. Não há sucessão livre sem que haja livre discussão sobre que sociedade queremos para viver, sobre uma avaliação da nossa história e com a determinação das escolhas com que pretendemos dar continuidade a ela.

Mas, se a política, enquanto atividade consciente dos homens para tentar criar o seu destino, está em baixa e sob o controle de alguns poucos, temos um potente mundo dos interesses, grandes e pequenos, uns bem mais atendidos que outros, prontos ao conflito, se muito contrariados. Certamente, no que se avizinha, interesses serão afetados, não necessariamente os grandes, e nem sempre passíveis de compensação por vias administrativas. Se até aqui o decantado carisma de Lula e a sua proverbial boa sorte permitiram que as fortes contradições entre eles não ganhassem as ruas, sempre resolvidas por acordos nos gabinetes ministeriais sob a arbitragem presidencial, resta pouca esperança de que, com esses pretendentes à sucessão, o mesmo remédio seja eficaz. Seguramente, falta-lhes o carisma e é provável que também lhes falte o mesmo banho de lua. A política de que estamos tão distantes, oculta nas razões da gramática tecnocrática, promete nos cobrar com juros a sua próxima aparição."

Luiz Werneck Vianna é professor-pesquisador do Iuperj e ex-presidente da Anpocs.

Notícias da China

Tentei postar ontem sobre a semana em Xangai, mas por alguma razão não consegui. Sobrevivi a Xangai. Gostei de Xangai. Futurista, despojada, gostosa. Mais superficial do que Pequim, é vero. Porém mais divertida.

Aproveito para dizer que é um tal de dossiê pra cá, dossiê pra lá, desânimo grande. Os dois lados já ensaiam agressões que, penso, só vão piorar.

Eleições. Campanha. Acirramento dos ânimos. Como ficaremos em 2011-2014? Como será construída a base no Congresso? Como se comportará o lado que perder no voto? Como, como, como?

Abaixo, Carlinhos Brown em Xangai. Fantástico. O cara causou. O público foi atrás. A segurança ameaçou acabar com o show na segunda música. Foi demais. Viva a música brasileira.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Em breve...

Transmitindo de Xangai, o blog anuncia mais uma edição do sensacional Brazil Culture Day in Beijing