"Lamentavelmente, a maioria das pessoas é outra pessoa. Seus pensamentos são opiniões de outra pessoa. Suas vidas, uma mímica; suas paixões, uma citação", afirmou certa vez Oscar Wilde.
Recordei-me dessa citação de nosso amigo grande frasista a propósito de um evento ao qual compareci recentemente aqui nas bandas orientais. Estava lá acompanhando uns debates sobre a economia asiática, me aprofundando nas coisas daqui, quando percebi que no auditório ao lado, aliás em um belo hotel, haveria um seminário sobre América Latina de um desses bancos globais. Fui lá então, começaria em uns 20 minutos, apresentei-me, comecei a conversar com uns diretores locais e aí chamaram o economista deles no Brasil.
Breves palavras e perguntei-lhe o que antevia para o Brasil nesse ano eleitoral. E lá vai o gênio: alta nos juros, temos um problema fiscal, vejo possibilidade de volatilidade no câmbio daqui a pouco. Talvez tenha se empolgado porque eu fingi concordar com ele, dei uma de amigão, diplomata nato. E aí não contente em ter repetido o discursinho manjado, e falso, com ares de oráculo, começou a dar pitacos na política externa brasileira. Reclamou de nosso comportamento com a Bolívia, o Irã, Honduras. E eu ali, um lorde, sem concordar explicitamente mas deixando o papo correr, não vou ficar discutindo ou redarguindo, não seria o caso.
E recordei-me dessa citação do Oscar Wilde. É evidente que ela vale não apenas para a política, mas também e especialmente para a vida social. Pega bem falar sobre certos assuntos, ter determinados hábitos, opiniões, etc... Por exemplo, antigamente era de bom tom nas altas rodas criticar o bolsa família, "compra de votos", "incentivo ao ócio", etc... Hoje em dia, com o enorme sucesso do programa na redução da pobreza, estímulo à economia regional e local e sua evidente força política (democracia é isso: quem adota políticas para os pobres, que são maioria, vai se dar bem), mudou o discurso. Ninguém é contra. Que bom.
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