Aproveitando o post abaixo, abro um círculo com alguns breves e inquietantes pitacos:
1) Em São Paulo, como já comentei, o Plano Diretor também foi alterado.
2) Como é de conhecimento público, Kassab foi amplamente financiado por construtoras e imobiliárias, muita grana, um percentual muito substantivo.
3) As mudanças no Plano Diretor, óbvio, beneficiam o setor privado que bancou a campanha dele.
Ampliando o Foco
Em termos ideológicos, geracionais, e até de perfil, como esse bom artigo no Estadão de hoje aponta, Dilma e Serra são muito semelhantes.
Li uma estimativa na Folha de São Paulo que coloca em torno de R$ 260 milhões o custo estimado para as campanhas do Serra e da Dilma. Para cada uma delas, se não me engano.
Quem paga, quer algo em troca.
Tirem suas próprias conclusões. A minha é: ou se reforma a legislação eleitoral, em particular a questão do financiamento... ou vamos ficar nessa hipocrisia de denúncias seletivas por grupos de mídia/setores da justiça em meio à corrupção generalizada.
Pois bem, temos essa premissa espúria do conúbio dinheiro-política na democracia brasileira. Acrescente o tipo de barganha que se realiza no Congresso. Some as velhas tradições do patrimonialismo, a mistura do público com o privado. Misture uma massa ainda em parte hipnotizada pelas ondas da televisão. Pingue gotas de colonização ideológica e cultural de parte das elites, alienação mesmo à realidade que as cerca, por vezes desprezo mais do que desconhecimento.
O cheiro piora bastante. A lama vira caos. A "naturalização" da estrutura urbana do Distrito Federal é apenas um dos sinais aparentes. Fecha o círculo.
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Lamaçal em Brasília
Na foto, intervenção artística de um pessoal legal e muito querido em frente à gloriosa sede do Governo do Distrito Federal.
Quem acompanha o blog sabe que em alguns posts já havia comentado sobre as desventuras da especulação imobiliária no Distrito Federal, fortemente ancorada no poder político local, cujo símbolo maior era a presença de Paulo Otavio como vice-governador. Sob o silêncio vergonhoso da imprensa do DF, e nacional, o rolo compressor do executivo no legislativo aprovou alterações no Plano Diretor que abriam as portas, arrombavam-nas, para o deleite de grileiros, especuladores e construtoras, além de todo o setor de comercialização. Creio que apenas 4 deputados do PT e o Reguffe, do PDT, votaram contra.
O Setor Noroeste é o símbolo de tudo isso. Situado entre duas grandes áreas de proteção ambiental, em meio a nascentes e ligações pluviais importantes nessa região do cerrado, o novo Plano Diretor liberava geral para o soerguimento de nova área para apartamentos de luxo. Para "facilitar as coisas", ao invés de licitações por edifício, fizeram por quadra, assim só os grandes teriam bala para participar. Tudo correu rápido, desde a aprovação do Plano, com poucas e "encomendadas" audiências públicas, até a realização das licitações iniciais. O marketing ficou por conta do tal "bairro sustentável", que para mim é uma hipocrisia semelhante à dessas grandes empresas e bancos que se dizem verdes mas estão inteiramente integrados à uma lógica maior que é contra tudo que eles dizem prezar.
Dei uma passada pela região do Noroeste logo antes de sair do Brasil. Os tratores estavam lá arregaçando geral. Cerrado abaixo. Corrupção, concentração de renda. Prédios para os ricos. Mais carros, mais trânsito.
Pois bem, com o afundamento do Governo do GDF e a vergonhosa nudez de toda a elite política local, a merda começa a subir para a superfície. Foi paga propina para os deputados aprovarem o novo Plano Diretor. Acho que ficou no mesmo patamar das outras sujeiras da área de informática: 40% Arruda; 30% Paulo Otavio; o resto para os deputados, talvez alguns secretários. Aqui e ali a imprensa começa a ouvir partes interessadas (urbanistas, ecologistas, acadêmicos) que desvendam como foi o processo de aprovação do Plano.
Não tenho detalhes por estar distante, acompanhando muito mais os temas da China e da Ásia, trabalhando bastante, mas o fato é que já está mais ou menos claro o que eu apenas insinuava aqui.
Brasília chocou-me logo que cheguei. Onde moram os pobres, os empregados domésticos, vigilantes, motoristas, etc...? Nas cidades-satélite, 30km ou 50km distantes. O horror, quase um cenário totalitário. As mansões do Lago Sul, mansões do ParkWay. E a massa num inferno distante, uma segregação social explícita. Com meios de transporte limitados, caros.
O planejamento do DF pode até ter sido feito com boas intenções, mas deu errado. A República não se encontra refletida no ordenamento urbano de Brasília. Havia, sim, um sistema totalitário, pois incrivelmente poucas das pessoas com as quais eu me relacionava questionavam isso, atentavam para tal absurdo, uma completa aberração. Até surreal: Brasilia, toda organizadinha, limpinha, florida, planejada... porém com enormes guetos em seu entorno.
Artistas, lógico, tinham essa percepção bem clara. Vladimir Carvalho, guerreiro ainda forte, tá na ativa, filmou a obra-prima documental que é o Conterrâneos Velhos de Guerra. Acadêmicos escreveram sobre a evolução do GDF. Tenho alguns, diversos livros, com teor bastante crítico.
Pouco antes de sair para o exterior, em uma de minhas crises profissionais, pensei até em me desligar de minha profissão, dar um tempo, mudar meu título para o DF e sair candidato a deputado distrital por algum partido. Chutar o balde, jogar pra cima, partir para uma outra na qual eu seria mais independente, na qual poderia lidar com coisas mais concretas, mais próximas à nossa realidade do que a política internacional. Não fui por aí, escolhas, receios, mas logo depois veio a público a merdalhada toda e hoje penso que minhas chances seriam muito maiores caso tivesse insistido nessa pequena loucura. E cá estou escrevendo sobre a possibilidade de uma bolha na economia chinesa, sobre os desencontros China-EUA, sobre a enorme rede de trens de alta velocidade que eles estão construindo...
Saudade grande do cerrado, torcida à distância, esperança de que dias melhores virão. O Reguffe deveria sair candidato a Governador, ele me parece um cara com boas idéias, recordo-me dele denunciando o Setor Noroeste, o tal "bairro sustentável".
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domingo, 28 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
Clara Nunes
Sensacional Clara Nunes, elegância, excelência, "do mal será queimada a semente, o amor será eterno novamente..."
A linguagem do preconceito
Seguindo alguns posts sobre o Presidente Lula, temos aqui uma boa peça sobre os preconceitos implícitos ou mais explícitos de alguns analistas políticos, outros torcedores, com relação à suposta falta de entendimento das coisas por parte do Lula. Não posso deixar de apontar, óbvio, que o autor é ligado à esquerda, talvez até ao PT, não sei bem, mas independente de torcida também da parte dele, concordo em boa medida com o que escreveu. Lula não é bobo. Bobos somos nós. E principalmente a oposição. Qualquer dia desses poderei escrever, ou transcrever algo, sobre outra forma de preconceito, desta vez aplicado ao pobre povo brasileiro, que supostamente não entende nada, não sabe votar, vende o voto por mixaria, e por isso, em sua infinita ignorância, não elege os candidatos preferidos por certa parcela da elite brasileira.
A LINGUAGEM DO PRECONCEITO
Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados
Por: Bernardo Kucinski
Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, “De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem conhecer bem o caju”. Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.
“É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país…”, escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista. Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula “confunde” parlamentarismo com presidencialismo. “Seria bom”, disse Mino, “que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder…” Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.
Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu
Abramo.
Clichês e malandragem
Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê”. É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito “Lula não entende” realimenta o próprio preconceito.
Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. “Por que Lula não se informa antes de falar?”, escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará “parecia coisa de ficção”. Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar “o ponto G”, William Waack escreveu: “Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G”.
Outra expressão preconceituosa que pegou é “Lula confunde”. A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. “Lula confunde agitação com trabalho”, escreveu Lucia Hippolito. Empregam o “confunde” para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. “O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações”, diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.
Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula “confundiu” a Vale com uma estatal. “Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil.” Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país, apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.
Filosofia da ignorância
A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, “Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica”, como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: “Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta”.
Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. “O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo”, disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: “O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades”, escreveu Gilberto de Mello. “O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão”, escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.
A tese de que Lula “confunde” presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que “só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato”.
Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber. A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por jornalistas como uma pessoa indolente.
Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é ”incapaz de entender” o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?
A LINGUAGEM DO PRECONCEITO
Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados
Por: Bernardo Kucinski
Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, “De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem conhecer bem o caju”. Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.
“É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país…”, escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista. Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula “confunde” parlamentarismo com presidencialismo. “Seria bom”, disse Mino, “que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder…” Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.
Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu
Abramo.
Clichês e malandragem
Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê”. É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito “Lula não entende” realimenta o próprio preconceito.
Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. “Por que Lula não se informa antes de falar?”, escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará “parecia coisa de ficção”. Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar “o ponto G”, William Waack escreveu: “Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G”.
Outra expressão preconceituosa que pegou é “Lula confunde”. A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. “Lula confunde agitação com trabalho”, escreveu Lucia Hippolito. Empregam o “confunde” para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. “O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações”, diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.
Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula “confundiu” a Vale com uma estatal. “Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil.” Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país, apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.
Filosofia da ignorância
A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, “Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica”, como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: “Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta”.
Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. “O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo”, disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: “O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades”, escreveu Gilberto de Mello. “O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão”, escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.
A tese de que Lula “confunde” presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que “só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato”.
Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber. A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por jornalistas como uma pessoa indolente.
Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é ”incapaz de entender” o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?
segunda-feira, 22 de março de 2010
A herança maldita do Governo Lula?
Olha, há controvérsias sobre esse tema, temos um confortável volume de reservas, acesso fácil a financiamento internacional, em alguns anos os recursos do pré-sal deverão jorrar, mas o fato é que a trajetória do déficit na conta corrente assusta. Já acumulamos US$ 7 bilhões de déficit apenas nos dois primeiros meses do ano. Depois não adianta chorar, conhecemos bem esse enredo, o final é trágico.
Acho que o governo tem consciência disso, penso que muita gente na máquina também tem observado esses números com alguma preocupação, mas não adianta, em ano eleitoral não vão mexer muito nesse esquema. Câmbio valorizado, inflação sob controle, viagens, consumo, demanda interna em alta, mudanças só mais pro final do ano. Aliás, se tivermos mudanças, será para pior, com uma possível alta nos juros para satisfazer a sede de sangue dos setores rentistas. Novelinha que já devia ter se esgotado, mas enfim, tentam espremer até a última gota...
Acho que o governo tem consciência disso, penso que muita gente na máquina também tem observado esses números com alguma preocupação, mas não adianta, em ano eleitoral não vão mexer muito nesse esquema. Câmbio valorizado, inflação sob controle, viagens, consumo, demanda interna em alta, mudanças só mais pro final do ano. Aliás, se tivermos mudanças, será para pior, com uma possível alta nos juros para satisfazer a sede de sangue dos setores rentistas. Novelinha que já devia ter se esgotado, mas enfim, tentam espremer até a última gota...
domingo, 21 de março de 2010
A situação nas favelas brasileiras
Há avanços, mas a moradia ainda prossegue sendo um problema fundamental de nossa República. Os programas voltados aos mais pobres devem melhorar bastante a situação na próxima década. A conferir...
Agência Brasil - Brasil poderia ter investido mais na melhoria de favelas, diz oficial da ONU
Vitor Abdala
Rio de Janeiro - Cerca de 10,4 milhões de pessoas deixaram de morar em favelas no Brasil nos últimos dez anos, segundo estudo divulgado ontem (18) pela agência da Organização das Nações Unidas para Habitação. (ONU-Habitat). Isso significa que a população das favelas foi reduzida em 16% no país. No entanto, diz o coordenador da pesquisa, Eduardo López Moreno, o progresso brasileiro poderia ter sido maior.
Segundo Moreno, as autoridades brasileiras poderiam ter trabalhado mais nesse período para obter, pelo menos, um índice superior ao progresso médio da América Latina, que reduziu em 19,5% a população das favelas. Países como a Colômbia e a Argentina conseguiram reduções de mais de 40%.
“Seria muito melhor se o Brasil tivesse conseguido melhorar de 20% a 30% e que estivéssemos falando de 20 milhões de pessoas [que deixaram as favelas], em vez de 10 milhões. Sem dúvida, os esforços deveriam ter sido maiores, principalmente entre 2000 e 2005, já que grande parte desses 10 milhões saíram da pobreza depois de 2005”, disse.
O oficial da ONU atribui o avanço maior a partir de 2005 as ações como o programa de transferência de renda Bolsa Família. Moreno disse que, graças a programas como esse e como o Minha Casa, Minha Vida, de financiamento habitacional para famílias de baixa renda, o Brasil deverá ter avanços mais expressivos nos próximos anos. O país continua com cerca de 26% da população vivendo em habitações precárias.
“O que eu posso dizer, com todo conhecimento de causa, é que o caso brasileiro vai mostrar que essas políticas vão ter um alto sucesso. E vão ter um alto sucesso por causa da magnitude dos recursos envolvidos, do número de cidades que as estão implementando, do número de pessoas que estão sendo beneficiadas por elas. Haverá uma evolução”, afirmou Moreno.
Segundo a ONU, deixar de morar em uma favela não significa necessariamente que a pessoa foi viver em outro lugar. Pode significar também que a área onde essa pessoa mora tenha simplesmente sido melhorada em termos de saneamento e condições de moradia, a ponto de deixar de ser considerada uma favela, explicou.
A diretora executiva da ONU-Habitat, Anna Tibaijuka, disse que 227 milhões de pessoas deixaram de morar em favelas em todo o mundo nos últimos dez anos, mas ressaltou que um número ainda maior passou a viver nesses locais, o que fez com que a população global de favelados passasse de 776,7 milhões para 827,6 milhões.
Para ela, o mundo conseguiu atingir uma das Metas do Milênio, a que previa a retirada de até 100 milhões de pessoas de habitações precárias até 2020. Apesar disso, Anna não está satisfeita, já que isso aconteceu de forma desigual ao redor do mundo.
“Enquanto conseguimos ter melhorias em países como a Índia, a China, a Indonésia, o Marrocos e a Tunísia, na África Subsaariana e na Ásia Ocidental, a história é diferente. Nesses lugares, a maioria das pessoas continua vivendo em favelas, sem água, sem saneamento e sem habitações decentes”, disse.
Agência Brasil - Brasil poderia ter investido mais na melhoria de favelas, diz oficial da ONU
Vitor Abdala
Rio de Janeiro - Cerca de 10,4 milhões de pessoas deixaram de morar em favelas no Brasil nos últimos dez anos, segundo estudo divulgado ontem (18) pela agência da Organização das Nações Unidas para Habitação. (ONU-Habitat). Isso significa que a população das favelas foi reduzida em 16% no país. No entanto, diz o coordenador da pesquisa, Eduardo López Moreno, o progresso brasileiro poderia ter sido maior.
Segundo Moreno, as autoridades brasileiras poderiam ter trabalhado mais nesse período para obter, pelo menos, um índice superior ao progresso médio da América Latina, que reduziu em 19,5% a população das favelas. Países como a Colômbia e a Argentina conseguiram reduções de mais de 40%.
“Seria muito melhor se o Brasil tivesse conseguido melhorar de 20% a 30% e que estivéssemos falando de 20 milhões de pessoas [que deixaram as favelas], em vez de 10 milhões. Sem dúvida, os esforços deveriam ter sido maiores, principalmente entre 2000 e 2005, já que grande parte desses 10 milhões saíram da pobreza depois de 2005”, disse.
O oficial da ONU atribui o avanço maior a partir de 2005 as ações como o programa de transferência de renda Bolsa Família. Moreno disse que, graças a programas como esse e como o Minha Casa, Minha Vida, de financiamento habitacional para famílias de baixa renda, o Brasil deverá ter avanços mais expressivos nos próximos anos. O país continua com cerca de 26% da população vivendo em habitações precárias.
“O que eu posso dizer, com todo conhecimento de causa, é que o caso brasileiro vai mostrar que essas políticas vão ter um alto sucesso. E vão ter um alto sucesso por causa da magnitude dos recursos envolvidos, do número de cidades que as estão implementando, do número de pessoas que estão sendo beneficiadas por elas. Haverá uma evolução”, afirmou Moreno.
Segundo a ONU, deixar de morar em uma favela não significa necessariamente que a pessoa foi viver em outro lugar. Pode significar também que a área onde essa pessoa mora tenha simplesmente sido melhorada em termos de saneamento e condições de moradia, a ponto de deixar de ser considerada uma favela, explicou.
A diretora executiva da ONU-Habitat, Anna Tibaijuka, disse que 227 milhões de pessoas deixaram de morar em favelas em todo o mundo nos últimos dez anos, mas ressaltou que um número ainda maior passou a viver nesses locais, o que fez com que a população global de favelados passasse de 776,7 milhões para 827,6 milhões.
Para ela, o mundo conseguiu atingir uma das Metas do Milênio, a que previa a retirada de até 100 milhões de pessoas de habitações precárias até 2020. Apesar disso, Anna não está satisfeita, já que isso aconteceu de forma desigual ao redor do mundo.
“Enquanto conseguimos ter melhorias em países como a Índia, a China, a Indonésia, o Marrocos e a Tunísia, na África Subsaariana e na Ásia Ocidental, a história é diferente. Nesses lugares, a maioria das pessoas continua vivendo em favelas, sem água, sem saneamento e sem habitações decentes”, disse.
Um mês
Frio
Neve
Chineses
Partidas de tênis sem comunicação com o parceiro.
Trabalho, economia, câmbio, comércio
Conta bancária, apartamentos, visitas
Um almoço inesquecível, com mega protocolo, tradução e nosso amigo aqui se virando no meio dos high-level chinese que me abordavam.
Ontem, conheci o que pode ser o gates pub de pequim: inferninho, cool, gente que parecia legal, muitos ocidentais, of course. Show de banda punk japonesa.
Legal. Rock n roll. Voltarei mais vezes. Na 4a parece que haverá um rock da Mongólia. Não tô brincando. Eu vou.
Amigos, poucos, por enquanto, mas todo mundo se ajuda muito.
Trabalho legal.
O clima melhora.
Começam as programações de viagens.
No sábado, tempestade de areia, é mole? Feijoada.
Leitura. Solitude. Muita MPB. Flavia Wenceslau para a alma sorrirchorar.
Neve
Chineses
Partidas de tênis sem comunicação com o parceiro.
Trabalho, economia, câmbio, comércio
Conta bancária, apartamentos, visitas
Um almoço inesquecível, com mega protocolo, tradução e nosso amigo aqui se virando no meio dos high-level chinese que me abordavam.
Ontem, conheci o que pode ser o gates pub de pequim: inferninho, cool, gente que parecia legal, muitos ocidentais, of course. Show de banda punk japonesa.
Legal. Rock n roll. Voltarei mais vezes. Na 4a parece que haverá um rock da Mongólia. Não tô brincando. Eu vou.
Amigos, poucos, por enquanto, mas todo mundo se ajuda muito.
Trabalho legal.
O clima melhora.
Começam as programações de viagens.
No sábado, tempestade de areia, é mole? Feijoada.
Leitura. Solitude. Muita MPB. Flavia Wenceslau para a alma sorrirchorar.
Aventuras gastronômicas
Suas vidas, uma mímica
"Lamentavelmente, a maioria das pessoas é outra pessoa. Seus pensamentos são opiniões de outra pessoa. Suas vidas, uma mímica; suas paixões, uma citação", afirmou certa vez Oscar Wilde.
Recordei-me dessa citação de nosso amigo grande frasista a propósito de um evento ao qual compareci recentemente aqui nas bandas orientais. Estava lá acompanhando uns debates sobre a economia asiática, me aprofundando nas coisas daqui, quando percebi que no auditório ao lado, aliás em um belo hotel, haveria um seminário sobre América Latina de um desses bancos globais. Fui lá então, começaria em uns 20 minutos, apresentei-me, comecei a conversar com uns diretores locais e aí chamaram o economista deles no Brasil.
Breves palavras e perguntei-lhe o que antevia para o Brasil nesse ano eleitoral. E lá vai o gênio: alta nos juros, temos um problema fiscal, vejo possibilidade de volatilidade no câmbio daqui a pouco. Talvez tenha se empolgado porque eu fingi concordar com ele, dei uma de amigão, diplomata nato. E aí não contente em ter repetido o discursinho manjado, e falso, com ares de oráculo, começou a dar pitacos na política externa brasileira. Reclamou de nosso comportamento com a Bolívia, o Irã, Honduras. E eu ali, um lorde, sem concordar explicitamente mas deixando o papo correr, não vou ficar discutindo ou redarguindo, não seria o caso.
E recordei-me dessa citação do Oscar Wilde. É evidente que ela vale não apenas para a política, mas também e especialmente para a vida social. Pega bem falar sobre certos assuntos, ter determinados hábitos, opiniões, etc... Por exemplo, antigamente era de bom tom nas altas rodas criticar o bolsa família, "compra de votos", "incentivo ao ócio", etc... Hoje em dia, com o enorme sucesso do programa na redução da pobreza, estímulo à economia regional e local e sua evidente força política (democracia é isso: quem adota políticas para os pobres, que são maioria, vai se dar bem), mudou o discurso. Ninguém é contra. Que bom.
Recordei-me dessa citação de nosso amigo grande frasista a propósito de um evento ao qual compareci recentemente aqui nas bandas orientais. Estava lá acompanhando uns debates sobre a economia asiática, me aprofundando nas coisas daqui, quando percebi que no auditório ao lado, aliás em um belo hotel, haveria um seminário sobre América Latina de um desses bancos globais. Fui lá então, começaria em uns 20 minutos, apresentei-me, comecei a conversar com uns diretores locais e aí chamaram o economista deles no Brasil.
Breves palavras e perguntei-lhe o que antevia para o Brasil nesse ano eleitoral. E lá vai o gênio: alta nos juros, temos um problema fiscal, vejo possibilidade de volatilidade no câmbio daqui a pouco. Talvez tenha se empolgado porque eu fingi concordar com ele, dei uma de amigão, diplomata nato. E aí não contente em ter repetido o discursinho manjado, e falso, com ares de oráculo, começou a dar pitacos na política externa brasileira. Reclamou de nosso comportamento com a Bolívia, o Irã, Honduras. E eu ali, um lorde, sem concordar explicitamente mas deixando o papo correr, não vou ficar discutindo ou redarguindo, não seria o caso.
E recordei-me dessa citação do Oscar Wilde. É evidente que ela vale não apenas para a política, mas também e especialmente para a vida social. Pega bem falar sobre certos assuntos, ter determinados hábitos, opiniões, etc... Por exemplo, antigamente era de bom tom nas altas rodas criticar o bolsa família, "compra de votos", "incentivo ao ócio", etc... Hoje em dia, com o enorme sucesso do programa na redução da pobreza, estímulo à economia regional e local e sua evidente força política (democracia é isso: quem adota políticas para os pobres, que são maioria, vai se dar bem), mudou o discurso. Ninguém é contra. Que bom.
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segunda-feira, 15 de março de 2010
O interesse nacional: a superação do racha PT-PSDB
Tema já abordado aqui, o racha PT x PSDB, essencialmente paulistano, faz muito mal ao país. Se antes tínhamos FHC e hoje temos Lula, bons de lábia e líderes conciliadores, amanhã teremos Dilma ou Serra (se não refugar), e ambos têm personalidade mais centralizadora, talvez autoritária. Como construirão suas maiorias no Parlamento? Como lidarão com as inevitáveis denúncias de caixa 2, favorecimento, aparelhamento, de uma imprensa hábil em questionar e demolir indivíduos, mas incapaz de observar a estrutura política, as leis, as teias que envolvem a todos na política, independentemente de partidos ou biografias. A verdade é que a grande imprensa faz parte desse jogo, tudo muito triste, lamentável mesmo. Suas piscinas estão cheias de ratos, abarrotadas, insuportavelmente fedorentas.
As campanhas são pagas. Quem paga, quer algo em troca. Os apoios no Congresso vêm por cargos e verbas. Dinheiro e poder, poder e dinheiro. Precisamos avançar nesse tema sob o risco de termos crises políticas mais sérias a partir de 2011, quando não teremos nem Lula nem FHC.
Aqui, link para outra boa intervenção do Ciro Gomes sobre alguns desses temas.
As campanhas são pagas. Quem paga, quer algo em troca. Os apoios no Congresso vêm por cargos e verbas. Dinheiro e poder, poder e dinheiro. Precisamos avançar nesse tema sob o risco de termos crises políticas mais sérias a partir de 2011, quando não teremos nem Lula nem FHC.
Aqui, link para outra boa intervenção do Ciro Gomes sobre alguns desses temas.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Voltando...
Meus caros três leitores,
Estava sem acesso à pagina. Tive que instalar um pequeno programinha para conseguir acessar o blog, outros blogs, youtube, etc... Espero voltar a postar em breve. Ainda pegando o ritmo das coisas, conhecendo gente, tentando entender um pouco da nova realidade, me acostumar com esse friozinho chato.
Ars longa, vita brevis.
Estava sem acesso à pagina. Tive que instalar um pequeno programinha para conseguir acessar o blog, outros blogs, youtube, etc... Espero voltar a postar em breve. Ainda pegando o ritmo das coisas, conhecendo gente, tentando entender um pouco da nova realidade, me acostumar com esse friozinho chato.
Ars longa, vita brevis.
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