quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Paul Volcker e a Inovação Financeira

Fazia tempo que não citava nossos amigos do Baseline. Nesse post, abordam uma manifestação recente do Paul Volcker, respeitadíssimo ex-chairman do FED cuja política monetária nos arrebentou na década de 80, favorável a uma regulação mais severa do sistema financeiro. Separo alguns trechos do pequeno post:

Volcker has three main points, with which we whole-heartedly agree:

1 “[Financial engineering] moves around the rents in the financial system, but not only this, as it seems to have vastly increased them.”

2 “I have found very little evidence that vast amounts of innovation in financial markets in recent years have had a visible effect on the productivity of the economy”

and most important:
3. “I am probably going to win in the end”.
.......
Volcker wants tough constraints on banks and their activities, separating the payments system – which must be protected and therefore tightly regulated – from other “extraneous” functions, which includes trading and managing money.
.......
The reason for Volcker’s confidence in his victory is simple - he is moving the consensus. It’s not radicals against reasonable bankers. It’s the dean of American banking, with a bigger and better reputation than any other economic policymaker alive – and with a lot of people at his back – saying, very simply: Enough.


Pois é, é isso, Volcker é daqueles que move o consenso. Eu venho dizendo aqui que apesar da resistência de Wall Street, da City, dos mercados em geral, a roda da história gira e políticas que anteriormente eram consideradas impensáveis passam a ser discutidas abertamente e gradualmente incorporadas às demandas das autoridades públicas nos países mais poderosos do mundo. A exceção ainda está nos EUA: Geithner resiste, o governo Obama é razoavelmente conservador na área, apesar da retórica forte, e portanto em termos concretos a questão regulatória avança com dificuldades.

Temos que ser pacientes. Possíveis novas bolhas, que vão estourar quando os EUA e a zona do euro apertarem a política monetária, podem mover ainda mais o consenso para que haja uma abrangente reestruturação da regulação financeira mais condizente com as necessidades de privilegiarmos os valores do trabalho e da produção sobre oportunidades especulativas com pouca ou nenhuma relação com a economia real.

Em outro post poderei abordar os perigos do déficit em conta corrente brasileiro, que vem sendo "naturalizado" pelos economistas ligados ao mercado financeiro, quando a maré de liquidez internacional virar. Isso foi tema do editorial do Estadão de hoje. Apenas recordo algo que já citei aqui, colado de nosso amigo Kenneth Rogoff, sábio de Harvard. É algo assim: "sempre que alguém disser que dessa vez é diferente, cuidado, estamos diante de uma bolha". Isso vale para nosso déficit na conta corrente.

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