segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Após cerca de um mês de ausência, hoje resolvi tomar vergonha na cara e voltar a escrever. Não estou assim muito cheio de idéias, mas espero retomar algum ritmo em breve. É lógico que há muito a escrever sobre as eleições, mas prefiro esperar as coisas realmente se definirem, ainda que tudo se encaminhe para aquilo que já era esperado: as pessoas estão vivendo melhor, com mais oportunidades, mais empregos, o país retomou um otimismo positivo, e portanto votarão na candidata da continuidade. A oposição segue perdida, sem rumo, como eu já apontara em diversos posts recentes e outros nem tão recentes.

Na China, estou cada vez mais convencido de que, a despeito dos dados econômicos impressionantes e do crescente, e cada vez mais vocal, poder do país, há enormes desafios pela frente. As autoridades se defrontam com um cenário complicado conforme se aproxima a próxima transição política da cúpula do país, prevista para 2012. Há questões sobre a manutenção do crescimento, possíveis buracos no sistema financeiro, crescentes desigualdades, a degradação ambiental, envelhecimento da população, sobre a política externa do país, demandas por responsabilidade e o desconfiômetro dos vizinhos, etc... um mundo de variáveis, um mundo do tamanho da China.

O lobby dos bancos funcionou e parece que as regras de Basiléia III ficaram meio frouxas, diferidas no tempo. Há também riscos de uma nova crise, não nos esqueçamos disso. Desequilíbrios globais, desequilíbrios entre as finanças e a produção. Problemas foram empurrados com a barriga. A reforma financeira nos EUA, ainda que positiva, foi um remendo em um ou outro ponto mais ousado, mas no geral tímida, muito aquém da retórica.

As relações China-EUA seguem também complicadas. Aos dois lados interessa uma acomodação, mas no dia-dia os choques se sucedem, há pontos de divergência. Essa região do leste da Ásia é um tabuleiro geopolítico complicadíssimo. E os EUA se defrontam com inúmeros outros desafios, passando do Paquistão/Afeganistão/Iraque/Irã até a questão dos palestinos/Israel, o avanço chinês em outras regiões, os europeus que se sentem abandonados, governos crescentemente autônomos na América Latina.

Períodos de transição do poder mundial, como já escrevi, são em geral turbulentos. Adicionando a isso a questão ambiental, populacional, uma descrença grande nos mecanismos tradicionais da política e no multilateralismo, enfim, poderia elencar uma série de coisas, temos aí um quadro muito complexo e perigoso do mundo em que vivemos.

Mas vamos falar de coisas mais divertidas. Na semana passada, visitei o zoologico de Pequim. Fui ver os pandas. Mal sabia o que me aguardava. Hehehe, por enquanto me limito a dizer isso. E a colocar uma foto de um deles. Depois seguirá uma sequência de fotos impressionantes. Saudações aos sobreviventes do blog!

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