Havia me esquecido de colocar no post anterior, mas então acrescento, que não só os Presidentes de China e EUA conversaram bastante, como o primeiro confirmou presença na Cúpula de Segurança Nuclear que ocorrerá em Washington nos dias 12 e 13 de abril próximo. Havia dúvidas sobre a presença de Hu Jintao.
Lula também estará em Washington, junto a uns 30 outros líderes mundiais. Discutirão um mundo sem armas nucleares, um sonho distante. O Brasil não tem armas nucleares. Não deseja tê-las. Há uma proibição constitucional. A América Latina é zona desnuclearizada.. Exemplo único.
Mesmo assim, setores da imprensa brasileira ecoarão com virulência pressões externas que sofremos para assinarmos o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear, o TNP, que assinamos no governo FHC sob grande polêmica, que até hoje persiste. Não vou, nem posso entrar em detalhes, que tampouco conheço com precisão. Já antevejo, no entanto, as pressões que sofreremos de parcelas da sociedade brasileira que parecem ter enorme prazer em defender interesses estrangeiros contra o próprio país. Estão no seu direito, claro, mas é curioso...
Na verdade, nem queria escrever sobre isso. Venho repetindo aqui que a política internacional passa por um período de crise, de reordenação, novas configurações, interrogações, riscos. Depois posso elaborar com maior aprofundamento. Mas vem ocorrendo um processo intenso de luta e redistribuição do poder mundial. E o fato é que os países estão se armando. Até mesmo regiões como América Latina e o sudeste asiático têm registrado substancial aumento no volume de gastos militares.
Nossos amigos do Stockholm Internacional Peace Research Institute publicam regularmente uma série de relatórios sobre o mercado mundial de armas, conflitos, operações de paz, tratados internacionais sobre não proliferação, enfim, tudo que se relaciona à possibilidade de novas guerras. Os números estão lá. Os países estão se armando. Para que, eu não sei. Apenas lamento, preocupo-me, às vezes tento nem pensar.
O triste é que a lógica do sistema é cruel. Isso vale para a economia, meio-ambiente, questões sobre a guerra e a paz. O que faz sentido para os países individualmente não tem a menor lógica em termos globais. A solução seria um governo mundial, ou tratados ancorados em organizações internacionais “com dentes”, ou seja, com poder de aplicar sanções que sejam efetivas. Mas estamos longe disso. Que país, que povo, abrirá mão de sua soberania nacional para alguma espécie de órgão burocrático internacional? Quem ficará com a caneta? Quem terá a chave do cofre?
Mesmo a União Européia, que busca se tornar um Estado plurinacional, uma federação de Estados, ou algo assim, vejam só as dificuldades que têm para alcançarem alguma coordenação interna. Na primeira crise, tudo ameaça desandar e a solidariedade intra-européia não parece tão grande assim...
Tempos interessantes, tempos difíceis. Os países se armam. Vamos seguir na torcida por Obama, por Hu Jintao, Lula, pela ONU, pelo novo governo japonês, Madame Merkel podia ser um pouco mais flexível, Sarkozy menos bravateiro, Chavez podia falar menos e cuidar da cozinha dele, que está bagunçada, Gordon Brown já devia ter pedido para sair, Medvedev podia dar um tempo nas armas que vende para Manmohan Singh, o atual governo de Israel tem prejudicado muito a situação, o Hamas e o Fatah deveriam tentar se acertar, o Irã deveria ficar esperto, a África deveria reforçar a coordenação regional, é tanta coisa, tanto problema, e os países se armam, o meio-ambiente se deteriora, cresce a luta por recursos energéticos, novas fronteiras exploratórias como o Ártico vêm se abrindo, com as previsíveis disputas pelo acesso a esses recursos, e se prevê possível escassez de água e alimentos, talvez tenhamos mais protecionismo se a economia global não se recuperar, mas recuperação econômica significa mais carbono, mais poluição, enfim, novamente reitero que as boas notícias são positivas, mas o quadro geral é bastante complicado.
domingo, 4 de abril de 2010
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