segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Interesse Nacional

Renato Janine Ribeiro escreveu um bom artigo na excelente Revista Interesse Nacional especulando sobre uma benéfica convergência PT-PSDB após as eleições de 2010. O Embaixador Rubens Barbosa e o Professor Carlos Pio, nas páginas tucanas do Estadão, não chegaram a expor os termos de maneira tão explícita e pormenorizada, até por questões de espaço e outras razões, mas flertaram com algo assim, quem sabe, acima de interesses partidários. O artigo do Pio, mais recente, do qual me recordo melhor, parte do correto questionamento de um excessivo personalismo nos partidos em particular e na política brasileira em geral. Mangabeira Unger, na Folha de hoje, também enumera pontos para uma agenda de consenso.

O diagnóstico deles, em geral, é bem razoável. Há pontos de contato, por exemplo, entre Janine e Mangabeira: o financiamento das campanhas, tema que esse blog flerta com alguma frequência. Nosso ex-Ministro Manga fala ainda da necessária cautela com a poupança externa e a necessidade do fim do rentismo, algo que assino embaixo. Já o Pio e o Embaixador Barbosa, se não me engano, desejam avançar a agenda da economia liberal.

E é na formação da agenda, óbvio, que está o problemaço. Para além das disputas de poder entre indivíduos e grupos, as propostas divergem em uma série de pontos. Mesmo prioridades são difíceis de se estabelecer. Reforma tributária: qual? Reforma política: o governo tentou uma minimalista esse ano e não saiu do lugar. Reforma da previdência: vizi...


Bom, como já coloquei aqui, este blog, seu humilde escriba, deseja formular as perguntas certas, pensar, explorar. Não tenho nem creio que seja muito recomendável esgrimir certezas tão absolutas, ainda mais em período eleitoral. Tenho as minhas em alguns temas, claro, mas em vários outros, a imensa maioria, são apenas dúvidas.

Esse pequeno post apenas levanta essa pulga de um diálogo mais nobre e sugere a seus três leitores que acompanhem essa idéia de convergência PT-PSDB num certo centro. A formação de uma agenda mínima de consenso. Com isso, quem sabe poderia ser evitada a tragédia que Ciro vem anunciando: a dependência da federação de interesses do PMDB para a governabilidade. Este PMDB que não joga esse jogo sozinho, mas enfraquece, deslegitima qualquer pretensão de moral, ética e interesse nacional. E do qual, a permanecer o confronto PT-PSDB, qualquer um será refém.

Esclareço aqui que essas idéias não fazem qualquer referência ao discurso do Aécio. A idéia dele é boa na superfície, é uma conversa atraente, mas nosso jovem Governador ainda carece de muitos aprofundamentos com relação, concretamente, ao que vai fazer, o que pensa sobre diversos assuntos, tirando o slogan vazio do "choque de gestão". Por enquanto, e ainda mais considerando seu flerte aberto com o mercadismo mais rasteiro, hoje desmoralizado, Aécio não convence. Porém, reconheço que parte desse bom ponto do diálogo entre "opostos", devo admitir, essa necessidade de conversa, bom senso, a arregimentação de interesses comuns, maiores, para que se garanta um suporte político que terá que ser mais forte do que o que tivemos nos Governos FHC e Lula.

Muitas idéias. Pouco tempo. Pouco espaço. Preguiça, sono, calor no cerrado, muito calor. Cansaço. O Santos perdeu outra. Há água na lua. 20 anos das eleições de 1989. 50 anos da morte de Villa-Lobos.

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