sábado, 14 de novembro de 2009

Ensaios de um esboço de análise sobre a psicologia do subdesenvolvimento

O Alon Feuerwerker, escreveu artigo um dia desses sobre Copenhaguen. Reproduzo aqui o início do texto:

"A boa cautela de Lula (08/11)
Se não nos convidaram para o banquete, soa um pouco excessivo que nos intimem a participar de igual para igual na hora de rachar a dolorosa.

É bom que o presidente da República esteja cauteloso nas discussões sobre o papel do Brasil na Conferência do Clima. E é curioso que os críticos do "protagonismo a qualquer custo" sejam agora os primeiros a exigir de Luiz Inácio Lula da Silva que coloque o Brasil na linha de frente das medidas contra o aquecimento global. É a dança da política."

Ele tocou num ponto interessante. Como sabemos, a política externa do Presidente Lula é muito criticada por algumas rodas "bem pensantes" do andar de cima nacional. Dentre outras razões, afirmam que o Brasil é muito arrogante, quer se meter em tudo, fala demais, inventa candidaturas fracassadas, dá vexame, faz papel de ridículo, etc...

Eu já tinha notado isso quando da pressão pelo apoio à candidatura de um brasileiro para presidir a poderosíssima UNESCO, que como sabemos é uma organização cujo controle da agenda faz toda a diferença na política internacional. Mas agora o Alon voltou ao tema de forma muito correta. Aqueles que criticam nossa megalomania, por exemplo, agora estão aí pedindo, lutando, exigindo que o Brasil dê um passo à frente em Copenhaguen, se mostre disposto a colaborar, seja ousado, etc.... É a dança da política, a dança das eleições 2010.

Bom, rapidamente: 1) os países ricos acumularam a a maior parte de todo esse carbono na atmosfera, beneficiando-se historicamente do atual modelo; 2) eles não fazem nada para mudar a situação e querem que a gente assuma compromissos antes deles mesmos fazerem isso 3) na hora de colocar a mão no bolso eles relutam, enrolam, deixam para depois, very funny indeed. 4) perguntem se eles topam flexibilizar a propriedade intelectual para tecnologias limpas...

E lá vai parte de nossos bem pensantes agora querendo que o Brasil dê o exemplo, se comprometa com metas ambiciosas, etc... Acho até que vamos fazer algo semelhante a isso, a conferir, não tenho muito a contestar, mas enfim, não é muito curiosa essa postura maleável de nossos críticos?

E vejam só que coincidência interessante: no caso da megalomania ou da arrogância, os casos criticados em geral se referem a posturas brasileiras de confronto com países poderosos. E nesse caso de Copenhaguen, em que nos pedem protagonismo, trata-se de agir como desejam os países mais ricos.

Não é apenas a dança das eleições: é também uma questão psicológica, histórica, a ser desenvolvida em outros textos.

Ou seja, para resumir essa curiosa linha política de certas elites nacionais:

Porrada no Paraguai, na Bolívia, no Equador, em nossos pobres vizinhos, nos pobres do Brasil, no Bolsa Família, nos que vivem de salário mínimo. Esqueçam a África, aquilo não presta, essa diplomacia terceiro-mundista ideológica de merda. Mercosul, Unasul, Países Árabes, isso não presta, é ideologia. Chavez deve ser enfrentado.

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Temos que adotar uma postura construtiva em Copenhaguen. Como assim ele disse que os brancos de olhos azuis são culpados pela crise? É importante termos acordos de livre comércio com os países mais ricos. O Brasil deve assinar o protocolo adicional do TNP para ser um país confiável.

Traduzindo... porrada nos pobres, violência, autoritarismo, exclusão ... e sujeição aos ricos, covardia, vamos nos adequar ao figurino, nos associarmos a eles, temos que respeitá-los, eles são muito superiores a nós.

Heranças perversas do colonialismo e da escravidão. Em pleno século XXI.

Sei que ficou meio caricato, mas é por aí mesmo. A continuar...

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