segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Segundo turno

Segundo turno nas eleições presidenciais. Marina Silva, adorada Marina de tempos atrás, está aí com quase 20 milhões de votos e deu esse presente para a democracia brasileira, a oportunidade de aprofundarmos a discussão, forçar os candidatos a debaterem com mais responsabilidade o Brasil que desejamos e o que farão para alcançá-lo. Aqui, aqui, aqui, ali, acolá, acá, seis posts em meados de agosto de 2009 sobre a importância da candidatura de nossa Rainha Marina, como a chamei no último desses seis posts. O blog antecipa tendências, heheh, é um oráculo da política nacional ho ho ho.

Da parte do Serra, espero que deixe de lado o vitimismo sigiloso, as conversas sobre Farc, exageros sobre o Irã, que ignore a política do medo defendida por parte de seus aliados, com direito a vídeos apócrifos, boatos, temas como aborto, a suposta ameaça à democracia, às liberdades e aos direitos individuais. Essas supostas ameaças não existem e dificultam a discussão dos rumos do país, desviam do assunto. O Governo Lula foi bem sucedido, Dilma é uma mulher com uma grande história, por favor gostaria que Serra se limitasse a debater com ela os rumos do país em 2011-2014. E também como espera governar sem ter maioria no Congresso (já sabemos, o PMDB vira a casaca rapidinho, mas a qual preço?).

Da parte de Dilma, espero que não fique olhando para o passado, mas sim para o futuro. Nem tudo começou em 2003, nem tudo voltará a 1995 caso Serra seja eleito. O mundo mudou, o país mudou, é tempo de olhar para frente. Penso que ela deveria aprofundar-se nos desafios do Brasil de 2010 sem, é claro, deixar de destacar avanços trazidos pelo Governo Lula, mas apontando quais rumos manterá e o que alterará. Pois é fato que o Brasil de Dilma não será o Brasil de Lula. E o mundo de Dilma não será o mundo de Lula. Venho alertando: o cenário internacional se deteriora a olhos vistos. Dilma não tem experiência na chefia do executivo e terá que lidar com muitas cascas de banana e armadilhas, da oposição, mas também de seus próprios aliados (aliados? ou sanguesugas?).

Da parte de Marina, espero que não fique em cima do muro. Barganhe e dê apoio ao candidato que assumir o compromisso mais firme com sua agenda ambiental.

Segue lista não exaustiva, e sem ordem de prioridade, de temas/questões para os dois:

--> Os dados da PNAD 2009, uma enorme fotografia sobre o Brasil que oferece diversas pistas de coisas que devem ser melhoradas como, por exemplo, o acesso a saneamento básico, educação, desigualdades sociais e regionais diversas.

--> O financiamento da economia brasileira. O déficit externo, o nível de juros, o câmbio, a relação entre Estado e Mercado. Creio que uma medida simples, que já seria extremamente positiva, seria gravar as reuniões do COPOM e tornar suas atas públicas em 2 anos. Isso já faria com que os diretores do BC fossem mais cautelosos. Outra medida importante seria jogar mais areia, muita areia, na ciranda dos recursos externos que entram para ganhar na dobradinha câmbio-juros. Isso não se anuncia assim, mas pode-se comprometer de maneira mais firme com a interrupção desse processo vicioso.

--> O financiamento público eleitoral, a reforma política. As relações com o Congresso. Em que bases serão feitas as coalizões e como pretendem torná-la mais propositiva e menos distributiva, se é que me entendem.

--> A estrutura tributária regressiva, o pacto federativo.

--> Esses dois itens acima são altamente problemáticos. Todos reconhecem que algo deve ser feito, mas todos têm suas próprias reformas, o que impede que a questão saia do lugar.

--> A justiça brasileira. O que acham do CNJ, o papel do STF, a nomeação de juízes para os tribunais superiores.

--> A estrutura de poder, os gastos, as responsabilidades para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Estamos repetindo os erros do Pan. Dinheiro público, lucros privados.

--> A questão ambiental, o desmatamento na Amazônia, mas também no cerrado, a prevalência de automóveis, a abertura de novas rodovias, os incêndios que todo ano devastam os parques nacionais (a Chapada e os Parques Nacionais do DF foram detonados de novo esse ano).

--> O financiamento das atividades culturais, a relação entre cultura e educação. Vide Gil e Caetano abaixo.

--> Os impactos do aumento da extração de minérios e combustíveis sobre o meio-ambiente.

--> Os dois deveriam assumir compromissos de que, uma vez na oposição, não se comportarão como o PT em 1995-2002 e o PSDB-DEM em 2003-2010. Isso é fundamental.

Ficamos hoje com mais um vídeo da Aquarela do Brasil, Gil & Caetano, Caetano & Gil, viva a Bahia, viva o Brasil.

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