sexta-feira, 21 de maio de 2010

Lições chinesas

Almocei nesta semana com colegas da Embaixada e um sujeito muito interessante, Arthur Kroeber. É o editor-chefe do Dragonomics, um centro de pesquisas econômicas e também um pouco sociais e políticas a respeito da China. A formação original dele é teologia. Inteligentíssimo, bem articulado, raciocínio lógico, embora às vezes um pouco mais complexo.

Falou-se sobre muita coisa, discutiu-se, exploraram-se idéias, perspectivas, foram repassados fatos e dados recentes e outros nem tanto. Ao final, saiu a sensação de que tive duas horas realmente proveitosas.

O melhor foi dito no começo. Logo ao iniciar sua exposição sobre como via as transformações econômicas, sociais e políticas que a China vem implementando, em particular aquelas que ela necessita para manter o ritmo de desenvolvimento e certa coesão social, nosso amigo Artur veio com a seguinte pérola:

"In the short term, I mean, in the next 5 or 10 years, ...."

Fantástico. Essa é a lição número 1 em termos de China. O tempo é dilatado. E assim deve ser observada também a política internacional. Por isso, quando me perguntam sobre o Irã ou Honduras, ou outra manchetezinha de jornal, ou alguma análise de alguns bem nascidos que estão ouriçados com o upgrade recente de nosso país, eu costumo não falar muito, não me comprometo, não compro briga.

Não sabem nada. Não entendem. Dá trabalho, e requer inteligência, raciocinar como nosso amigo Kroeber. No curto prazo, quer dizer, os próximos 5 ou 10 anos. O tempo é dilatado. Não cabe na moldura da edição do jornal ou do calendário eleitoral.

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